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Capital

Fantasma de perder tudo assombra moradores da "Alfavela", no Caiobá

Famílias perderam tudo com chuvas e ventos e lutam para conseguir se recompor

Bruna Kaspary | 22/10/2017 11:18
Moradores de favela no Caiobá tentam se proteger da chuva (Foto: Marina Pacheco)
Moradores de favela no Caiobá tentam se proteger da chuva (Foto: Marina Pacheco)

As famílias moradoras da rua Poética, no bairro Caiobá, sofrem a cada chuva com o medo de perder tudo mais uma vez. No início do mês, um forte vendaval seguido de chuva destelhou diversos barracos, que foram inundados.

Naquela noite, Paula Correia da Silva, 25, estava em casa com os dois filhos quando as fortes rajadas de vento arrancaram as telhas de sua casa. "Hoje, qualquer ventinho que dá, o mais velho começa a chorar e o mais novo a chamar pela avó", explica.

"Quando clareia um pouquinho o céu, só se vê a cabecinha do mais novo correndo lá para a casa da minha mãe. Daí a gente já manda o outro também, porque lá é mais seguro", completa. Enquanto as crianças ficam na avó, Paula e o marido ficam em casa para empurrar os móveis para não perder mais nada.

Barraco onde Paula mora com marido, Jaime, e dois filho (Foto: Marina Pacheco
Barraco onde Paula mora com marido, Jaime, e dois filho (Foto: Marina Pacheco
Barraco de Paula teve que ser coberto por lonas (Foto: Marina Pacheco)
Barraco de Paula teve que ser coberto por lonas (Foto: Marina Pacheco)

A família cobre o barraco onde vive com lonas de plástico, já que não sobrou nada das telhas. "Uma mulher até deu quatro telhas para a gente, mas está lá no José Maksoud, e eu nem sei onde é isso". Ela pediu ajuda para um colega que faz fretes, mas não consegue pagar os R$ 120 cobrados para buscar as telhas. "Para quem está precisando, recebendo ajuda, não tem como pagar isso".

O marido de Paula, Jaime Bertolino Cardozo, 25, lembra que as lonas são somente um improviso, que ajuda, mas também dá muito trabalho. "Desde a hora que começou a chover, de madrugada, estou acordado, porque acumula água na lona e eu tenho que tirar, para não rasgar", explica.

"A lona que pegamos era de tipo um toldo, então está toda rasgada, cheia de furos, enche molha tudo. Depois pegamos outra, para colocar por baixo daquela, principalmente no quarto, onde mais molhava", lembra Jaime.

O casal está morando na região há aproximadamente quatro meses, e para continuarem lá receberam a doação de um outro colchão, já que o antigo estragou com a chuva do começo do mês.

Leila Flores Lima, 55 anos, também mora na região do "Alfavela", como foi apelidada a região pelos próprios moradores. "Essa semana teve um vento que até fiquei assustada, mas ainda bem que só armou o temporal, não chegou a chover", explica.

Ela, que está há dois anos na região, lembra que a cada chuva é um novo transtorno. "Essa de hoje está fraca, mas tem vezes que sobe a água toda aqui para varanda", afirma.

O maior temor de Leila, é o poste que está atrás de seu barraco. "Se ele cair, já sabe o que acontece, né?! Perco tudo aqui, não fica nada".

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