“Feliz” por estar de volta, Jamilzinho começa fala com choro ao lembrar de pai
Com 3 condenações, que já somam 23 anos de prisão, Name Filho senta pela primeira vez no banco dos réus
“Feliz” por estar de volta a Campo Grande, quatro anos após ser preso e transferido para a Penitenciária Federal de Mossoró (RN), Jamil Name Filho, o “personagem principal” em processo que julga a execução por engano de Matheus Coutinho Xavier, fuzilado aos 20 anos, começou o depoimento falando da família. Ao lembrar do pai, Jamil Name, que morreu ao contrair covid-19 na prisão, “Jamilzinho”, como é conhecido, se emocionou.
Com três condenações, que já somam 23 anos e 2 meses de prisão, Jamil Name Filho, de 46 anos, se sentou, nesta segunda-feira (17), no banco do réus pela primeira vez. Embora já tenha sido sentenciado por extorsão armada, formar organização criminosa e porte ilegal de armas, ele nunca tinha ido a júri popular.
Na manhã de ontem, ele começou a ser julgado por cinco homens e duas mulheres sob a acusação de mandar matar o ex-policial militar Paulo Roberto Teixeira Xavier, 52, mas por erro dos pistoleiros contratados, executar o estudante de Direito.
Nesta terça-feira (18), depois que testemunha de acusação e várias pessoas convocadas pela defesa prestaram depoimento, Vladenilson Daniel Olmedo e Marcelo Rios, que respondem pelo mesmo crime, foram interrogados na frente do júri. Agora, é a vez de Name Filho responder aos questionamentos do juiz, jurados, promotores e defesas. Ele começou a depor por volta das 17h30.
“Estou feliz de voltar à minha terra depois de quatro anos. Dar uma resposta à sociedade, aqui representada pelos jurados. Prefiro responder a todas as perguntas”, afirmou ao abrir o discurso.
Perguntado sobre a família Name, muito influente em Mato Grosso do Sul, ele começou pelos avós paternos a descrição da árvore genealógica. Mas, quando mencionou o pai, Jamil Name, que só não está ao seu lado, no banco dos réus, porque morreu em 27 de junho de 2021, vítima da covid-19, Jamilzinho chorou.
“Meu pai, faleceu lá no Presídio Federal de Mossoró, falando sozinho”, disse referindo-se ao estado de saúde mental do “Velho”, como os íntimos chamavam Jamil Name. “Um homem de 82 anos, sem uma mácula na vida”, completou com a consideração.
“Name pai” teve o nome excluído da ação penal depois de sua morte.
Jamilzinho também fez comentário sobre casa na Rua 14 de Julho, do tradicional comércio em Campo Grande, onde viveu até os 4 anos. Ironicamente, desde ontem, passa os dias no Tribunal do Júri, no Fórum da Capital, com acesso pela Rua da Paz com a 25 de Dezembro, esquina que em reta diagonal dá para visualizar outro casarão onde a família Name também morou por muito tempo.
Após os dois primeiros interrogatórios, a expectativa era que o juiz Aluízio Pereira dos Santos, que preside o julgamento, suspendesse a sessão para amanhã. Mas, com a volta de todos ao plenário, já para fazer perguntas a Name, até a plateia teve incremento.
Situação processual - Jamil Name ainda pode recorrer das condenações, dadas fora do Tribunal do Júri, com penas fixadas em 12 anos por extorsão, 6 anos por organização criminosa, e 4 anos e 6 meses pela acusação de porte ilegal de armas.
Name Filho responde a outras duas ações acusado de ser mandante de assassinato de desafetos da família. Em uma terceira, juiz não aceitou a denúncia e o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) está recorrendo. Ele também já foi absolvido pela acusação de obstrução de Justiça.
Chegada à Capital – Jamilzinho e o ex-guarda municipal Marcelo Rios, outro réu do caso, chegaram na madrugada de sábado (15) a Campo Grande, quatro anos depois de deixarem a Capital para ocuparem cela da Penitenciária Federal de Mossoró (RN).
Name e Rios chegaram por volta da 0h30 no Aeroporto Internacional de Campo Grande, sob forte esquema de segurança, e foram levados para o Presídio Federal de Campo Grande. A antecedência é recorrente no Sistema Penal Federal, para evitar qualquer imprevisto que pudesse comprometer a presença dos réus em audiências ou sessões de julgamento.
O transporte do preso é feita em van da Polícia Penal Federal. Das janelas, possivelmente, ele consegue ver as ruas da Capital.
Morto por engano – O estudante de Direito Matheus Coutinho Xavier foi assassinado no dia 9 de abril de 2019. O ataque aconteceu por volta das 18h, quando ele saía da casa onde vivia com o pai, no Jardim Bela Vista, bairro nobre de Campo Grande.
A investigação apurou que o universitário foi morto por engano, pois estava manobrando o carro do pai. O policial militar reformado Paulo Roberto Teixeira Xavier era considerado traidor pela família Name, por isso, seria o alvo. O rapaz foi atingido com sete tiros de fuzil AK-47 e o disparo fatal foi na base do crânio.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.