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Capital

“Feliz” por estar de volta, Jamilzinho começa fala com choro ao lembrar de pai

Com 3 condenações, que já somam 23 anos de prisão, Name Filho senta pela primeira vez no banco dos réus

Anahi Zurutuza, Aline dos Santos e Ana Beatriz Rodrigues | 18/07/2023 17:56
Jamil Name Filho cara a cara com o juiz Aluízio Pereira dos Santos, o promotor Douglas Oldegardo e a mãe de Matheus, Cristiane Coutinho (Foto: Henrique Kawaminami)
Jamil Name Filho cara a cara com o juiz Aluízio Pereira dos Santos, o promotor Douglas Oldegardo e a mãe de Matheus, Cristiane Coutinho (Foto: Henrique Kawaminami)

“Feliz” por estar de volta a Campo Grande, quatro anos após ser preso e transferido para a Penitenciária Federal de Mossoró (RN), Jamil Name Filho, o “personagem principal” em processo que julga a execução por engano de Matheus Coutinho Xavier, fuzilado aos 20 anos, começou o depoimento falando da família. Ao lembrar do pai, Jamil Name, que morreu ao contrair covid-19 na prisão, “Jamilzinho”, como é conhecido, se emocionou.

Com três condenações, que já somam 23 anos e 2 meses de prisão, Jamil Name Filho, de 46 anos, se sentou, nesta segunda-feira (17), no banco do réus pela primeira vez. Embora já tenha sido sentenciado por extorsão armada, formar organização criminosa e porte ilegal de armas, ele nunca tinha ido a júri popular.

Na manhã de ontem, ele começou a ser julgado por cinco homens e duas mulheres sob a acusação de mandar matar o ex-policial militar Paulo Roberto Teixeira Xavier, 52, mas por erro dos pistoleiros contratados, executar o estudante de Direito.

Nesta terça-feira (18), depois que testemunha de acusação e várias pessoas convocadas pela defesa prestaram depoimento, Vladenilson Daniel Olmedo e Marcelo Rios, que respondem pelo mesmo crime, foram interrogados na frente do júri. Agora, é a vez de Name Filho responder aos questionamentos do juiz, jurados, promotores e defesas. Ele começou a depor por volta das 17h30.

“Estou feliz de voltar à minha terra depois de quatro anos. Dar uma resposta à sociedade, aqui representada pelos jurados. Prefiro responder a todas as perguntas”, afirmou ao abrir o discurso.

Perguntado sobre a família Name, muito influente em Mato Grosso do Sul, ele começou pelos avós paternos a descrição da árvore genealógica. Mas, quando mencionou o pai, Jamil Name, que só não está ao seu lado, no banco dos réus, porque morreu em 27 de junho de 2021, vítima da covid-19, Jamilzinho chorou.

“Meu pai, faleceu lá no Presídio Federal de Mossoró, falando sozinho”, disse referindo-se ao estado de saúde mental do “Velho”, como os íntimos chamavam Jamil Name. “Um homem de 82 anos, sem uma mácula na vida”, completou com a consideração.

“Name pai” teve o nome excluído da ação penal depois de sua morte.

Jamilzinho fala e advogados na bancada das defesas acompanham (Foto: Henrique Kawaminami)
Jamilzinho fala e advogados na bancada das defesas acompanham (Foto: Henrique Kawaminami)

Jamilzinho também fez comentário sobre casa na Rua 14 de Julho, do tradicional comércio em Campo Grande, onde viveu até os 4 anos. Ironicamente, desde ontem, passa os dias no Tribunal do Júri, no Fórum da Capital, com acesso pela Rua da Paz com a 25 de Dezembro, esquina que em reta diagonal dá para visualizar outro casarão onde a família Name também morou por muito tempo.

Após os dois primeiros interrogatórios, a expectativa era que o juiz Aluízio Pereira dos Santos, que preside o julgamento, suspendesse a sessão para amanhã. Mas, com a volta de todos ao plenário, já para fazer perguntas a Name, até a plateia teve incremento.

Situação processual - Jamil Name ainda pode recorrer das condenações, dadas fora do Tribunal do Júri, com penas fixadas em 12 anos por extorsão, 6 anos por organização criminosa, e 4 anos e 6 meses pela acusação de porte ilegal de armas.

Name Filho responde a outras duas ações acusado de ser mandante de assassinato de desafetos da família. Em uma terceira, juiz não aceitou a denúncia e o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) está recorrendo. Ele também já foi absolvido pela acusação de obstrução de Justiça.

Jamil Name Filho entrando no plenário do Tribunal do Júri ontem, pela primeira vez (Foto: Henrique Kawaminami)
Jamil Name Filho entrando no plenário do Tribunal do Júri ontem, pela primeira vez (Foto: Henrique Kawaminami)

Chegada à Capital – Jamilzinho e o ex-guarda municipal Marcelo Rios, outro réu do caso, chegaram na madrugada de sábado (15) a Campo Grande, quatro anos depois de deixarem a Capital para ocuparem cela da Penitenciária Federal de Mossoró (RN).

Name e Rios chegaram por volta da 0h30 no Aeroporto Internacional de Campo Grande, sob forte esquema de segurança, e foram levados para o Presídio Federal de Campo Grande. A antecedência é recorrente no Sistema Penal Federal, para evitar qualquer imprevisto que pudesse comprometer a presença dos réus em audiências ou sessões de julgamento.

O transporte do preso é feita em van da Polícia Penal Federal. Das janelas, possivelmente, ele consegue ver as ruas da Capital.

Morto por engano – O estudante de Direito Matheus Coutinho Xavier foi assassinado no dia 9 de abril de 2019. O ataque aconteceu por volta das 18h, quando ele saía da casa onde vivia com o pai, no Jardim Bela Vista, bairro nobre de Campo Grande.

A investigação apurou que o universitário foi morto por engano, pois estava manobrando o carro do pai. O policial militar reformado Paulo Roberto Teixeira Xavier era considerado traidor pela família Name, por isso, seria o alvo. O rapaz foi atingido com sete tiros de fuzil AK-47 e o disparo fatal foi na base do crânio.

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