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Capital

Filha vai entregar medicação em UPA e descobre morte da mãe por covid

Vera Lucia Ofemestre da Costa, de 63 anos, estava internada desde a última quinta-feira (3)

Aletheya Alves | 07/06/2021 17:35
Walleska da Costa Martins, de 38 anos, foi recebeu notícia sobre a morte da mãe nesta segunda-feira (7). (Foto: Kísie Ainoã)
Walleska da Costa Martins, de 38 anos, foi recebeu notícia sobre a morte da mãe nesta segunda-feira (7). (Foto: Kísie Ainoã)

Durante os últimos três dias, Walleska da Costa Martins, de 38 anos, passou a colocar em sua rotina levar remédios faltantes para a mãe, que estava internada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Santa Mônica. Nesta segunda-feira (7), logo após o almoço, iria seguir os procedimentos, mas foi recebida na unidade com a morte da mãe por covid-19.

Ainda desnorteada, Walleska conta que Vera Lúcia Ofemestre da Costa, de 63 anos, foi internada durante a última quinta-feira (3) com falta de ar, mas não resistiu. “Eu vim trazer medicação para ela e me avisaram que ela tinha morrido. Resolvi deixar o remédio com a assistente social, tem pessoas que precisam e minha mãe gostaria disso”, diz.

Ela conta que saiu de Três Lagoas para cuidar da mãe e desde sábado tem empenhado ainda mais dinheiro para compra de medicamento faltante na UPA. “Tem pessoas que não têm condição, a gente também não tinha e precisamos comprar. Foram mais ou menos R$ 300”.

Pacientes aguardando atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Santa Mônica. (Foto: Kísie Ainoã)
Pacientes aguardando atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Santa Mônica. (Foto: Kísie Ainoã)

Logo no dia da internação, Vera foi intubada e não conseguiu mais ter contato com a filha, que relata o sofrimento em não poder se despedir da mãe. “Eu nem sei o que tô sentindo, envolve um monte de coisa porque a gente não espera. Sempre tem a última esperança”, relata.

Sobre a possível forma com que a mãe foi infectada, Walleska explica que não consegue imaginar. “A gente não sabe, mas é complicado ver como as pessoas da cidade não têm consciência. Vi pizzaria, bares, tudo lotado”, conta.

Como reflexo das ruas, ela diz que a situação dentro das paredes da unidade de saúde tem sido absurda. “Tem bastante gente internada e continua chegando. É ruim demais, não é só minha mãe que estava nessa situação”.

A reportagem solicitou nota retorno à Prefeitura de Campo Grande sobre falta de medicamentos na UPA Santa Mônica, mas até o momento não houve resposta.

Angústia - Durante os últimos dias, o Campo Grande News tem contado o drama vivido por famílias com pacientes internados em UPAs. Na semana passada, Edilaine Nery de Araújo, de 40 anos, relatou que precisou comprar até sonda para a mãe, que também estava na UPA Santa Mônica.

Além de duas sondas para uso no aparelho urinário, ela conta que também entregou remédios solicitados pela equipe médica. Já na unidade do Jardim Leblon, Noeli Alves, de 39 anos, explicou que gastou R$ 1,5 mil em um dia com antibióticos para o ex-marido, que está internado.

Sem coragem de entrar na unidade, ela relatou à reportagem que o cenário tem sido cada vez pior para quem busca por saúde.

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