Filhos vão até o PR buscar antibiótico, mas não conseguem salvar a mãe
Família doou o antibiótico a amigo com covid, mas ele também não resistiu
Com a medicação tão esperada que poderia salvar a vida da mãe nas mãos, a corretora de imóveis Juliana Moura da Silva, 41 anos , recuperou as esperanças na luta pela vida. Mas o medicamento chegou tarde demais. Maria Izabel Moura Dortas, de 64 anos, morreu no último domingo (6) de pneumonia.
A Polimixina, um antibiótico que também tem sido usado para combater infecções decorrentes da covid-19, tem faltado nos hospitais de todo no Brasil e a busca pelo medicamento não foi exclusividade da família de Juliana.
“A gente não achava esse medicamento em nenhum lugar. A minha mãe precisava da Polimixina E, mas daí encontramos a Polimixina B em Toledo, no Paraná. Conseguimos com que o hospital trocasse a receita e então meu irmão, que é caminhoneiro, foi para lá buscar”, contou Juliana.
Ela lembra que foram informados da necessidade da medicação no dia 24 de abril e a ida até a cidade paranaense ocorreu apenas no dia 28. “No dia 28, às 7 horas, meu irmão já estava com o remédio voltando para Campo Grande”, contou.
No mesmo dia à tarde, o medicamento foi entregue na Santa Casa. Maria Izabel chegou a tomar 10 das 40 doses compradas pela família, mas não resistiu. “Esse remédio custa, normalmente, R$ 65,00. Compramos a R$ 260,00. Gastamos R$ 10.400,00 com ajuda de amigos. Fizemos vaquinha e em menos de seis horas conseguimos o valor para fazer a compra”, rememora Juliana.
Doação e morte – antes mesmo de Maria Izabel falecer, amigo da família estava internado com covid-19 e precisando do mesmo medicamento. Como estava sendo usado pela mãe, Juliana e os irmãos não puderam ajudar, mas se dispuseram a buscar o medicamento no Paraná.
Não precisou, porque das 40 doses compradas, 30 sobraram já que apenas 10 foram usadas em Maria Izabel. “Passamos para o Lucas (amigo da família) usar”, contou Juliana.
No entanto ele, aos 38 anos, também acabou morrendo e hoje à tarde. “Não sabemos o que farão com as doses que sobraram, porque ele usou pouco, mas ainda espero que possa curar alguém”, sustenta.
“Mesmo com a dor, a gente faria tudo de novo. A gente sente que fez o possível e o impossível para salvar a vida da minha mãe. Nosso desejo era que o Lucas sobrevivesse, porque ele teria sido salvo por causa da vida dela. Mas sabemos que algum propósito tem e espero que o que restou ainda possa ajudar alguém”, reforça a corretora.