Fim de linha: péssimas condições marcam rotina em terminais de ônibus
Os problemas de infraestrutura persistem, mesmo com isenção fiscal de valores milionários
Ao custo de R$ 3,70, o usuário do transporte coletivo em Campo Grande entra no terminal e ganha direito a sentar em bancos quebrados ou entrar em banheiro que desperta o olhar pelas pichações e tranca o nariz por ser fétido.
Se for sair a pé de lá, as placas de saída levam para avenidas de grande porte, mas sem ao menos uma faixa de pedestre para facilitar a passagem em vias movimentadas, como na Costa e Silva, ao lado do terminal Morenão, na saída para São Paulo.
Do outro lado da cidade, no terminal Nova Bahia, saída para Cuiabá, cenários se repetem, como o cachorro que perambula pelas plataformas e o banheiro feminino que sempre tem espaço para duas pias, mas só um com cuba e torneira.
O único vaso sanitário garante que ninguém consiga permanecer muito tempo no local. O cheiro nauseante, na manhã desta sexta-feira (dia 13), faz com que quem entre já saia rapidamente.
O padrão de dois espaços para a pia, mas só uma em atividade também é encontrado no terminal Aero Rancho, no bairro mais populoso de Campo Grande. Pelas paredes do banheiro, se espalham pichações. No terminal Morenão, um papel no banheiro masculino faz um apelo: “usar só para xixi”. Os bebedouros podem ser encontrados sujo ou como bancada para pertences.
Dinheiro - Os problemas de infraestrutura persistem, mesmo com isenção fiscal de valores milionários. Como em 2017, quando a isenção de 5% ISS (Imposto Sobre Serviço) equivaleu a R$ 8 milhões para o Consórcio Guaicurus, que explora o transporte coletivo. Além da cobertura de cem pontos de ônibus, o consórcio deveria fazer reformas nos terminais.
De acordo com o Consórcio Guaicurus, todos os terminais foram reformados no ano passado, com pintura, instalação de pias, toneiras e lâmpadas. Ainda conforme a empresa, a gestão dos locais cabe à prefeitura.
Segundo a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), a previsão para 2019 é que a isenção de ISS para o transporte coletivo urbano seja de R$ 11,8 milhões. Já as atividades comerciais dos ambulantes reduziu nas plataformas.
Se antes os locais lembravam minishoppings tamanha a oferta e a variedade dos produtos, uma licitação no ano passado regulamentou o número de ambulantes por terminais.
De papel - Se os oito terminais e um ponto de integração são problemas concretos no dia a dia, a prefeitura de Campo Grande planeja desde 2011 a criação de mais quatro terminais.
Em 2017, os terminais nos bairros Parati, Tiradentes, São Francisco e na avenida dos Cafezais voltaram a figurar no PPA ((Plano Plurianual) válido até 2021 e que planeja investimentos de R$ 16,7 bilhões. Entra e sai ano, mas as propostas ficam no papel.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura e aguarda retorno.
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