Fogo consome terreno baldio e moradores apontam descaso

Incêndio em terreno baldio localizado entre a Rua Albatróz e a Rua Cláudio Aléssio, no Bairro Morada Verde, transformou a saída para Cuiabá em um "nevoeiro de fumaça" no início da noite desta quarta-feira (5). De acordo com moradores da região norte, o problema é recorrente.

A reportagem tomou conhecimento do fato após denúncia anônima realizada às 19h19 pelo canal Direto das Ruas. A moradora, que não quis ser identificada, pontuou que estava desesperada pois tem um filho recém-nascido e nenhuma autoridade acionada esteve no local até o chamado.

No local, a reportagem precisou usar máscaras descartáveis para conseguir realizar a apuração. O foco de incêndio no terreno, que já foi objeto de leilão judicial, começou às 18h conforme detalhou a dona de casa e moradora do bairro, Renildes Silva, de 68 anos. "Desde que eu moro aqui, muita gente joga lixo e depois 'tacam fogo' nesse terreno. Hoje, não foi diferente, estava na casa da minha mãe e quando desci a rua, vi que a fumaça que estava aqui".

O subtenente Jesué Pereira de Brito, do Corpo de Bombeiros Militar, disse à reportagem que foi feito o isolamento do local e que não havia riscos de o incêndio se alastrar para a residência dos moradores próximos. "Fomos acionados e logo que chegamos acionamos uma viatura de apoio para conter o fogo. Os focos já estão isolados e serão apagados sozinhos", relatou ao Campo Grande News.

Questionado, o militar relatou que a causa do incêndio é desconhecida, mas que os materiais descartados incorretamente na área serviram como combustível para a queima. "É preciso ter uma conscientização da vizinhança e cuidar quem joga lixo aqui, isso é errado e acaba gerando essas consequências".

Descaso - Segundo a síndica do Condomínio Apoena Meirelles Rosa Burton, a situação é caracterizada como descaso. "Queria que as autoridades olhassem para os moradores do Morada Verde e do residencial, que conta com mais de 100 unidades. São muitas famílias que tem problemas respiratórios e que são afetadas, todo ano, quando isso acontece. Nós tomamos a iniciativa de acionar a Justiça, mas só fomos atendidos uma única vez", pontuou.

Para evitar acidentes, a síndica descreveu ao Campo Grande News que moradores se mobilizam na limpeza e manutenção da área. "Esse terreno não tem proprietário e já foi objeto de leilão judicial. Só que apesar de não ter um dono, isso não proíbe a Prefeitura de tomar medidas a respeito disso".

O advogado Everson Aquino, que representa o Condomínio Apoena Meirelles, relatou que fez dois requerimentos - em março e maio deste ano -, mas não teve retorno da administração municipal. "Com a chegada do inverno, vem a seca e [o clima] fica propenso a ter incêndios. Já fizemos o possível para prevenir casos como isso, mas temos essa omissão por parte do Ministério Público, do Meio Ambiente e principalmente da Prefeitura".

A reportagem tentou contato com a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) e a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), mas não houve retorno sobre a propriedade e manutenção do espaço até o fechamento da matéria.