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Capital

Fundação espera dados científicos de pesquisas na quarentena de peixes

Ricardo Campos Jr. | 30/06/2015 19:00
Número de peixes mortos é impreciso (Foto: Fernando Antunes)
Número de peixes mortos é impreciso (Foto: Fernando Antunes)

Com o contrato cancelado, a Anambi tem um mês para encaminhar à Fundect (Fundação de Apoio e Desenvolvimento de Ensino, Ciência e Tecnologia) o relatório final da quarentena dos peixes do Aquário do Pantanal. Segundo o órgão, até o momento não há indícios de que a pesquisa produziu algum conhecimento científico que poderia ajudar, por exemplo, a evitar novas mortes.

“Nós analisamos documentos e o dia a dia do projeto. Neste espaço físico, junto com os documentos que a equipe de coordenação apresentava para a fundação, não tem material que comprove a investigação científica prevista no edital”, afirma o diretor-presidente do órgão, Marcelo Turine.

Ele acredita que os dados necessários estarão no fechamento da participação da empresa no projeto. “Se tem, eles não foram apresentados”, pontua.

Para Turine, falha como essa chegaria a ser pior que a morte dos peixes apontada em relatórios anteriores, pois faria a perda ter sido em vão. “Erros podem acontecer. Mortandades podem acontecer. Isso é natural em uma investigação científica. Agora, se você de alguma forma não demonstra isso, e se na execução há alguns problemas ou falhas técnicas, temos de alguma forma que tomar uma decisão”, afirma.

Um dos objetivos da quarentena é “entender” os peixes que seriam colocados à visitação, quais as melhores condições em que eles vivem, quais os organismos que mais poderiam afetá-los e, principalmente, como evitá-los. “Lá no Aquário não poderiam haver mais erros”, afirma.

O relatório onde consta a morte de 10.160 peixes, por exemplo, ainda está confuso. O documento não deixa claro se os peixes usados na alimentação de espécimes maiores foram incluídos na conta da mortalidade.

Segundo o diretor da Anambi, Geraldo Augusto da Silva, sequer a quantidade está correta. Ele afirma que houve erros na metodologia estatística usada na contagem e que a perda gira em torno de 6,5 mil a 7 mil exemplares.

O Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), que assumiu a responsabilidade pela quarentena, afirma que está fazendo uma nova contagem. “Precisamos levantar o que morreu de fato. Depois buscar as causas. Se houve negligência ou dolo, o Governo do Estado tomara as providências”, explica Ricardo Éboli, diretor do órgão.

A falta desses dados foi um dos motivos que, segundo Turine, levaram ao cancelamento do contrato de pesquisa. Outra questão foi o atraso nas obras do empreendimento. O estudo segue um roteiro de investigação e qualquer problema que impeça o andamento prejudica o projeto todo. A terceira parte da quarentena, nesse sentido, estava prevista para ser concluída já no espaço de visitação.

Dono da Anambi, Geraldo Augusto, enviará relatório de atividades em 30 dias (Foto: Fernando Antunes)
Dono da Anambi, Geraldo Augusto, enviará relatório de atividades em 30 dias (Foto: Fernando Antunes)

Polêmica – Geraldo considerou válida a atitude do governo e acredita que não irá afetar o andamento dos trabalhos. Ele diz que não poderia continuar atuando, já que há três meses os recursos para o andamento das atividades foram suspensos e a empresa, segundo ele, teve que arcar com as despesas de alimentação e folha de pagamento.
Grande parte dos equipamentos usados na manutenção dos peixes, segundo ele, foi emprestada pela Anambi. Ele espera conversar com o governo sobre o ressarcimento dos valores assim que entregar o relatório final.

Dos R$ 5 milhões liberados para a execução da quarentena, R$ 2,2 milhões não chegaram a ser usados e, conforme o empresário, ainda estão na conta do poder público. Os gastos foram com a compra de peixes, construção dos galpões de armazenamento e pagamentos de profissionais de novembro até março.

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