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Capital

Gaeco desconfia que advogada usava tablet de criança no “trabalho” para o PCC

Paula Tatiane Monezzi é um dos alvos de operação que investiga advogados por auxiliarem facção em crimes

Anahi Zurutuza | 03/04/2022 10:18
Viaturas do Gaeco e Garras estacionadas em um dos endereços onde foi cumprido mandado no dia 25 de março, quando foi deflagrada a Operação Courrier (Foto: Henrique Kawaminami)
Viaturas do Gaeco e Garras estacionadas em um dos endereços onde foi cumprido mandado no dia 25 de março, quando foi deflagrada a Operação Courrier (Foto: Henrique Kawaminami)

A suspeita de que a advogada Paula Tatiane Monezzi, de 35 anos, teria escondido informações comprometedoras sobre relacionamento criminoso com o PCC (Primeiro Comando da Capital) em outros dispositivos que não o celular usado no dia a dia, incluindo tablet que pertence a uma criança, está entre os argumentos usados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) para pedir que a Justiça a mantenha presa.

Paula é um dos alvos da Operação Courrier, deflagrada há uma semana, contra a chamada “Sintonia dos Gravatas”, grupo de advogados investigados por trabalhar para membros da facção não só em ações judiciais, mas como auxiliares no cometimento de crimes.

Paula Tatiane Monezzi, 35, um dos alvos da Operação Courrier (Foto: Redes sociais)
Paula Tatiane Monezzi, 35, um dos alvos da Operação Courrier (Foto: Redes sociais)

Na cadeia desde o dia 25 de março, a advogada tenta a substituição da prisão preventiva (por tempo indeterminado) por domiciliar. O Gaeco é contra e o juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian, da 2ª Vara Criminal, ainda não tomou decisão.

Para sustentar o pedindo de manutenção da prisão, os promotores Marcos Roberto Dietz, Tiago Di Giulio Freire e Gerson Eduardo de Araujo argumentam que já sabendo que poderia ser alvo de operação, a advogada escondeu equipamentos eletrônicos. “Em conversa com o coinvestigado Bruno Ghizzi, sobre estratégias adotadas para dificultar investigações em andamento contra eles e outros integrantes do PCC, a requerente se avaliou ‘tranquila’ por manter em esconderijo, entre outros dispositivos comprometedores, o tablet do (...)”, diz trecho do parecer assinado pelos três.

O Gaeco alega ainda que a prisão domiciliar não é suficiente para impedir que Paula atrapalhe as investigações ou cometa outros crimes na tentativa de barrar os trabalhos. “É irrefutável que a manutenção da prisão preventiva da requerente Paula Tatiane Monezzi, pela própria posição na organização criminosa, faz-se de extremada importância no caso, uma vez que, em liberdade, certamente se sentirá estimulada a voltar a delinquir, dando suporte à predita organização criminosa e fomentando a prática da mais diversa ordem de crimes”, opinam os promotores em outro trecho da manifestação.

Conforme a investigação, Paula é uma das advogadas responsáveis por distribuir ordem do PCC para matar um promotor do Gaeco.

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Outro lado – A defesa de Paula Tatiane pediu a substituição da prisão preventiva por domiciliar alegando que a advogada é a única pessoa responsável por manter financeiramente e cuidar de pessoa vulnerável. Além disso, o advogado Carlos Alberto Correa Dantas argumenta que a Operação Courrier levou três meses para cumprir os mandados de prisão e busca expedidos e até agora, nenhum dos alvos foi denunciado à Justiça.

Questionado pela reportagem sobre o que a cliente teria a dizer sobre as suspeitas que recaem sobre ela, o defensor de Paula informou que nada pode comentar uma vez que a investigação tramita em segredo de Justiça.

“Sintonia dos Gravatas” – No dia 25, Gaeco e Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), além de policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar, Bope (Batalhão de Operações Especiais) e da Gisp (Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário) foram às ruas da Capital, Dourados, Jardim e Jaraguari para cumprir um total de 38 mandados judiciais.

Além de prender 4 advogados – além de Paula, Bruno Ghizzi, Inaiza Herradon Ferreira e Thais de Oliveira Caciano –, a operação também levou para a cadeia, o agente penitenciário Jonathas Wilson Moraes Cândido, o analista judiciário Rodrigo Pereira da Silva Correa e Kamila Mendes de Souza. Há ainda servidores da Defensoria Pública suspeitos de envolvimento no esquema.

Os alvos são investigados por integrarem organização criminosa, violação do sigilo profissional e corrupção passiva e ativa.

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