Governo define Máxima e Dourados como prioritários em ações do Exército
O presídio de Segurança Máxima de Campo Grande e a Penitenciária Estadual de Dourados (a 233km da Capital) serão as duas primeiras unidades penais de Mato Grosso do Sul a receberem o auxílio das Forças Armadas, no que depender da vontade da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública).
O Estado oficializou formalmente nesta quinta-feira (26) o pedido de apoio junto ao Ministério da Defesa. Também quer o auxílio dos militares na área de fronteira, em questão que ainda deve ser melhor discutida com o Governo federal.
Funcionários da Agepen (Agência Estadual da Administração Penitenciária) ouvidos pelo Campo Grande News revelaram que os dois presídios, considerados os mais críticos do Estado e onde cumprem pena líderes tanto do PCC (Primeiro Comando da Capital) quanto do Comando Vermelho, são tratados com prioridade pela secretaria.
Na avaliação da Agepen entregue à Sejusp, com os equipamentos do Exército à disposição, o trabalho de descoberta de celulares e drogas nas celas seria ainda mais facilitado, minando a comunicação e a fonte de renda dos líderes das facções, em tentativa de apaziguar o clima atual, de instabilidade.
Foi a avaliação da Agepen que mudou a opinião do secretário José Carlos Barbosa. Após as reuniões dele com o ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, e da governadora em exercício Rose Modesto (PSDB) com o presidente Michel Temer (PMDB) na última semana, o chefe da Pasta havia dito que discutiria uma atuação maior das Forças Armadas nos presídios.
Barbosa não desistiu de usar os militares na vigia interna das prisões, mas acertou com os secretários da segurança pública de Paraná e Mato Grosso, com quem se reuniu também nesta quinta-feira e acertou união para compartilhamento de informações, que as reivindicações junto ao Governo Federal serão feitas em conjunto a partir de agora.
Ou seja, pedirão juntos, principalmente, o apoio federal no custeio de presos ligados ao tráfico de drogas. Segundo o secretário, 40% dos 16 mil detentos do Estado são por essa modalidade criminal e geram um gasto de R$ 126 milhões anuais.
Ação – A atuação de Exército, Marinha e Aeronáutica em presídios foi acertada no último 18, através de decreto presidencial. Os militares, a princípio, não terão contado com detentos, apenas ajudando nas vistorias internas atrás de armas, drogas, celulares e outros objetos proibidos.
A medida foi anunciada por Temer como um dos pontos do Plano Nacional de Segurança Pública que visa acabar com a guerra de facções organizadas que deixou mais de 130 pessoas mortas em rebeliões ocorridas dentro de presídios de todo o país, desde o início do ano. Mato Grosso do Sul teve quatro vítimas fatais no período.
Em nota, o Comando Militar do Oeste, que atende o Estado, reiterou informações que haviam sido divulgadas pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, de que seriam utilizados equipamentos preventivos adquiridos para mega eventos sediados no Brasil recentemente, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. O prazo é de um ano para que os estados tenham o aparato à disposição.
Procurado, o Ministério da Defesa não respondeu até a conclusão desta reportagem. Mas Jungmann disse anteriormente em entrevistas coletivas que o número de militares disponibilizados e os equipamentos utilizados variariam de acordo com a realidade de cada Estado. O ministro também vem reiterando que ações na área de fronteira podem demorar até um ano para serem iniciadas.
Também não há prazo para o início das operações militares nos presídios sul-mato-grossenses. O diretor-presidente da Agepen, Aílton Stropa Garcia, não respondeu a reportagem e o órgão passava por operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) na manhã desta sexta-feira (27).