Greve não tem prazo para acabar e população teme ficar sem dinheiro
A greve dos bancários da Capital, que acompanha mobilização nacional, termina a primeira semana de movimento sem perspectiva alguma de término. Segundo o presidente do sindicato da categoria na Capital e região, que engloba 27 municípios, Edivaldo Barros, desde a última proposta da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), que ofereceu 5,5 de reajuste no último dia 25 de setembro, a entidade não buscou mais contato com os bancários.
“Enviamos ofício pedindo a reabertura das negociações, mas até agora não obtivemos resposta”, ressalta o sindicalista. A categoria reivindica 16% de reajuste, já incluso a reposição inflacionária, além do fim do assédio moral quanto às cobranças de cumprimento de metas.
Os bancários também pedem contratação imediata de aprovados em concursos para suprir a defasagem de funcionários de bancos públicos que se aposentaram.
Frente a esse quadro de impasse, a categoria segue com o movimento, visitando agências na tentativa de conseguir uma adesão total das unidades.
De acordo com o último balanço oficial, das 120 agências bancárias da Capital, pelo menos 80% está com as portas fechadas. Ao todo, são 140 unidades fechadas em Campo Grande e região, que no total somam 170 unidades.
Edivaldo Barros reconhece que o feriado prolongado pode causar mais transtornos à população, especialmente quanto a reposição de cédulas nos terminais eletrônicos. Ele destaca que em períodos assim, o número de saques cresce devido às pessoas que viajam. “A orientação é que as pessoas procurem o 0800 de seu banco para obter informação porque a reposição depende de cada agência”, diz.
O receio de precisar de dinheiro até a próxima segunda-feira (12), feriado de Nossa Senhora Aparecida, levou a dona de casa Josélia Régis da Silva correr para o caixa eletrônico do Banco do Brasil da Avenida Afonso Pena, onde, aliás, já faltam envelopes para realizar depósitos
“A gente entende que eles estão lutando por direitos, mas a gente acaba prejudicado”, reclama. Caso não consiga sacar dinheiro nos próximos três dias por falta de reposição nos caixas eletrônicos, a solução encontrada pela aposentada será pedir empréstimo aos amigos.”Vou tentar me virar até lá, vamos ver”, afirma.
Já a situação de sua irmã, a aposentada Maria do Carmo Régis da Silva, é mais complicada. Ela teve o cartão de débito bloqueado às vésperas da greve e não conseguiu resolver o problema através do telefone de auxílio aos clientes. “O jeito vai ser esperar a greve acabar”, ressalta.
Para pagar a conta de luz, que já está em atraso, ela deve utilizar a sistemática da irmã e pedir dinheiro emprestado a familiares.
O técnico de solo José Oliveira diz que até o momento só precisou recorrer aos terminais eletrônicos para sacar e pagar boletos, mas teme que, com a falta de cédulas em algumas agências, parte da população que não utiliza ou dispõe de cartão de débito, seja prejudicado.
“Já saquei o valor que devo utilizar no feriado, mas a partir da próxima semana situação ficará mais complicada se eles não voltarem ao trabalho”, prevê.