Grito dos Excluídos denuncia morte de índios e pede Justiça em MS
O Grito dos Excluídos já virou tradição do desfile de 7 de Setembro, em Campo Grande. Na 21ª edição, o tema deste ano foi o “O Grito pela Vida”, que denunciou a morte de lideranças indígenas no conflito por terras no Estado.
Neste ano estavam presentes centrais sindicais como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), grupo de docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, movimento de mulheres e militantes de partidos políticos como o PSTU, PC do B, e PT.
Os índios simbolizaram a violência e o descaso sofrido por eles com dois caixões no meio da rua 14 de julho, próximo a 15 de Novembro. Em volta das urnas funerárias estavam cruzes com o nome de várias lideranças assassinadas em conflitos por terra. Uma delas trazia o nome do Terena Oziel Gabriel, índio assassinado em 2013, durante uma reintegração de posse na Fazenda Buriti, ocupada pelos índios dias antes, em Sidrolândia. Flechas e sangue também simbolizaram a luta pelo território.
O líder Guarani-Kaiowá Nito Nelson, 53, disse que a encenação representa o sangue derramando pelos índios mortos. Ele ressaltou que a irmadade indígena não vão desistir da luta. “Se a Justiça e o Governo não derem atenção, eles terão dor de cabeça eternamente”, disparou o índio.
O presidente da CUT em Mato Grosso do Sul Genilson Duarte culpou o governo e a Justiça pelo descaso com a causa indígena. “O governo não faz programas para dar assistência aos índios, e a Justiça ‘senta em cima’ dos processos de demarcação, por isso a demora para julgar o resultado”, acusou o sindicalista.
Além da questão indígena, o grupo, com cerca de 150 pessoas, gritava palavras de ordem “Não Vai Ter Golpe”, em defesa da presidente Dilma Rousseff, e que a “América Latina vai ser toda Socialista”.
O jornalista Arthur Mário achou espaço para criticar os "coronéis do futebol", em referência a presidentes de federações estaduais de futebol que ficam no poder por décadas. "Esse é um grito de liberdade do esporte", afirmou o também radialista.
A passagem deles na rua durou cerca de 30 minutos, e foi acompanhada de perto por cerca de 50 homens da Polícia Militar e da Guarda Municipal.