Grupo de 80 venezuelanos é 8º em MS e precisa de doações
Imigrantes vieram da Boa Vista em voo da FAB e aguardam por passagens em voos comerciais para completar destinos
Campo Grande é apenas uma das paradas da longa saga de venezuelanos em busca de recomeçar no Brasil. Nesta quarta-feira, grupo de cerca de 80 pessoas pousou na FAB (Força Aérea Brasileira) vindo de Boa Vista (RR). Alguns encerraram a viagem por aqui. A maioria espera por voos comerciais para encontrar familiares País afora e precisa de ajuda durante este período de transição.
O presidente da Cruz Vermelha, Tácito Nogueira, calcula que este seja o oitavo fluxo migratório a passar pelo Estado em pouco mais de um ano, quando se intensificou a vinda de venezuelanos para o País. “Alguns se estabeleceram em Dourados, onde foi oferecido emprego. Agora, por exemplo, vieram familiares dos que já estavam por aqui”.
Deste último grupo, cerca de 30 rumaram para o município distante 437 quilômetros da Capital. A estimativa do Liga Acadêmica de Direto Internacional é de que cerca de 1 mil venezuelanos se estabeleceram no Estado nos últimos meses. “Porém, existem muitas pessoas sem registro. Então, este número pode ser muito maior”, explica a acadêmica de diretor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Ádria Saviano.
Para quem ainda aguarda para encontrar os familiares, a espera por aqui pode ser de no máximo três dias. Passagens foram garantidas por doações de fiéis de uma igreja. Os destinos são diversos: Curitiba, Cuiabá, São Paulo e municípios do estado do Espírito Santo.
O professor de artes plásticas, Marcel Fuenmayor, 35 anos, aguarda para encontrar a irmã em Curitiba. O encontro já é adiado por mais de dois anos, desde que cruzou a fronteira entre Venezuela e Brasil. Durante este período, ele tentou se adaptar em Boa Vista. “Cheguei a trabalhar como pedreiro em uma fazenda, mas esta não é minha área de trabalho e não deu muito certo”, explicou.
As insatisfações com a Venezuela começaram na última gestão do ex-presidente, já falecido, Hugo Chaves, entre 2012 e 2013. Ele já governava o País por mais de uma década. Com o sucessor, Nicolás Maduro, a situação ficou ainda mais difícil, segundo o professor. “Em seis meses, nossa renda tinha caído cerca de um salário mínimo”, relembra ele sobre as drásticas oscilações de preços, além da falta de itens básicos para alimentação e racionamento de água e luz.
Vendo amigos indo embora e sem data para voltar, ele começou a pesquisar oportunidades no Brasil dentro da área da educação. O plano não foi tão bem sucedido como o previsto, porém, a mudança tornou-se realidade e plano sem volta. “Não quero mais voltar. Tem que sair o governo. Acho que nem mudando. A oposição venezuelana é governo e oposição ao mesmo tempo”.
Doações – Os itens necessários para a hospedagem dos venezuelanos em Campo Grande são os seguintes: carne, frango, ovo, leite, maçã, banana, laranja, tomates, repolho, cebola, alho, pão, sucos, achocolatados, refrigerantes e mucilon. Doar diretamente na SELETA, localizado na Rua Pedro Celestino, 3283, durante o dia de amanhã (qualquer horário).