Há 1 ano e 4 meses sem aluno, Emei prepara sala, limpeza e rotina para retorno
Ao moldes das escolas particulares, escolas municipais se preparam para a volta gradativa dia 26 de julho
O mesmo cenário que as escolas particulares protagonizaram na volta às aulas ainda em 2020, agora é vivido pelas Emei's (Escolas Municipais de Educação Infantil). Marcações no chão indicando o distanciamento na fila e também entre as carteiras nas salas de aula já são vistas pela estrutura.
Hoje pela manhã o Campo Grande News esteve na Emei Professor Eloy Souza da Costa, no Bairro Tijuca, em Campo Grande, onde a titular da Semed (Secretaria Municipal de Educação) Elza Fernandes apresentou os preparativos para a volta às aulas, uma mãe falou da expectativa do retorno e a professora contou da saudades que sente das crianças.
Professora na Emei desde 2017, Giseli Oliveira, de 38 anos, conta que agora é fase de adaptação, até porque todo o ambiente vivido antes da pandemia ficou no passado. "Estamos recebendo as explicações de como devemos proceder, às vezes bate uma insegurança, mas olhando para tudo o que está sendo feito e as instruções que estamos recebendo, acredito que teremos sim segurança para voltar", relata.
Nas reuniões de professores, Giseli recorda que o principal ponto levantado era sobre como seria receber os pequenos que precisam de colo e acalento. Nas Emei's estudam crianças de 4 meses a 5 anos.
"Estamos nos preparando psicologicamente mesmo e estudando para saber a melhor maneira de recebê-los. Como manter distanciamento, a segurança deles, a nossa. São situações que seremos colocadas agora com o retorno", pontua.
No entanto, entre todas as preocupações, a saudade que Giseli diz sentir é imensa. "O momento da pandemia nos colocou em situações que eu nunca tinha vivido. Senti muita falta, muita saudade. Não imaginava que a Educação Infantil poderia ser feita desta forma. Deixou lacunas? Sim, mas agora com a volta vamos resgatar este espaço que alcançamos, deixamos de ser assistencialista para trazer a questão educacional para as crianças", ressalta.
Proteção - A partir de 4 anos, os alunos vão receber duas máscaras de tecido junto com o uniforme. As mesas também estão posicionadas dentro de marcações com distanciamento entre as carteiras. Os materiais são individuais e cada responsável deve colocar na mochila o que o filho vai usar naquele dia.
Para os professores, serão disponibilizados avental para quem atua no berçário, além de face shield e máscaras.
Na entrada, assim como é feito em todas as escolas, os pequenos vão passar por aferição de temperatura, e álcool em gel nas mãos. Também ficará proibida a entrada de crianças que apresentarem sintomas gripais.
O escalonamento, segundo a titular da Semed, vai funcionar a critério de cada direção de Emei. "As que têm um quantitativo maior de alunos, 200, 300 até 400, os diretores vão ver se tem a necessidade de fazer o escalonamento dos 15 minutos, senão, todos retornam às aulas no horário das 7h", explicou Elza Fernandes.
Para os pequenos, vai funcionar tal qual Ensino Fundamental, com 50% dos alunos matriculados vindo presencialmente, 25% deles de manhã e 25% à tarde. Também não haverá mais ensino integral.
"Vamos fazer este percentual desde o berçário, o pai vai ter de assinar um documento no retorno à escola com o horário", acrescenta a secretária.
A limpeza também será reforçada entre a troca de turno dos alunos e o lanche será trazido para a sala de aula e cada criança vai comer na sua própria mesinha. "Tudo está sendo feito com distanciamento, quantidade de criança por sala", enfatiza Elza.
Em março, a Semed diz que fez uma pesquisa com os pais sobre o retorno presencial, e a resposta foi praticamente empate. "50% sim e 50% não. Os pais não têm nos procurado, o que a gente vê é o que eles postam. Mas existe uma grande parte dos pais pedindo o retorno das aulas presenciais, até porque as particulares já voltaram no ano passado", pontua Elza.
A Semed explica que conversou com diretores de escolas particulares e o sindicato que representa o ensino particular para se moldar no que foi feito no ano passado. "O que eu posso te dizer é que a rede municipal está preparada para receber os filhos. Direção, coordenação, quem vai estar na escola no dia a dia vai tomar todos os cuidados para que os protocolos realmente sejam cumpridos no dia a dia", ressalta.
Para o Ensino Fundamental, a titular da Semed explica que as aulas acabarão 1h mais cedo não só para desafogar o trânsito e o transporte escolar, como também para dar tempo de fazer a higienização entre uma turma e outra.
Sendo assim, do 1º ao 9º ano, a rede municipal vai encerrar as aulas às 10h da manhã e às 16h.
"Nesta 1h, que seria até 11h e até 17h, o professor vai ficar na escola para tirar dúvida, caso algum aluno precise", explica Elza.
Mãe de duas crianças, de 3 e 4 anos, Marycleide da Silva, de 42 anos, se diz muito ansiosa pela volta, principalmente porque as escolas particulares já retornaram no ano passado. "Não tenho medo, estou bem confiante, até porque a escola está bem preparada também. A gente tem que aprender a conviver com o vírus e se adaptar e as crianças, desde pequenininhas, têm que aprender a se proteger", comenta.
A mãe fala que em casa tem ensinado as crianças a lavar as mãos com frequência, usar álcool em gel e máscara. A maior preocupação de Marycleide hoje é quanto ao aprendizado dos filhos.
"Nós que somos mais humildes, nossas crianças perdem muito. Quem tem mais situação financeira já está mandando filho para a escola. A gente que fica bem atrasado, tem criança da idade da minha de 4 anos que já sabe escrever o nome. Muita criança vai ficar atrasada com essa pandemia", afirma.
Para os pais inseguros Marycleide deixa o recado: "a proteção começa dentro de casa, vamos orientar nossos filhos, os pequenos são mais complicados de ensinar, mas a escola está bem preparada sim, os pais têm que mandar e confiar", diz.
Ao mesmo tempo em que vê as medidas de biossegurança serem tomadas, Marycleide também enfatiza a questão da vacina. "De acordo com o que vai vacinando a população, vai diminuindo o vírus. E eles pedem pra vir pra escola, falam que estão com saudades do papá da escolinha", reproduz.
A mãe finaliza dizendo que depois de um ano e quatro meses vê a abertura das escolas como uma vitória. "É uma vitória, a gente está tentando voltar a viver, eles vão ressocializar, conviver com outras pessoas. A criança aprende muita coisa é na convivência", resume.