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Capital

Há 12 dias na UTI, Yago ainda não ganhou colo, mas já usa mamadeira

Desde que nasceu, bebê que resistiu em ventre de mãe com morte cerebral perdeu 80 gramas, mas ganhou quase dois centímetros

Luana Rodrigues | 12/04/2017 18:34
Ala vermelha da UTI Neonatal da Santa Casa. (Foto: Arquivo/ Direto das Ruas)
Ala vermelha da UTI Neonatal da Santa Casa. (Foto: Arquivo/ Direto das Ruas)

Com 12 dias de vida, o pequeno Yago só enxergou e descobriu os primeiros sabores do mundo há cerca de uma semana.  Internado na UTI Neonatal da Santa Casa desde que nasceu, o bebê que, por dois meses resistiu dentro do corpo da mãe com morte cerebral, ainda não sabe como é o conforto de um ‘colinho’, que agrada tanto a maioria dos recém-nascidos. Mas, abriu os olhos e já é alimentado com leite materno.

Segundo o hospital, Yago ainda não ganhou o colo do pai, que o visita todos os dias, por conta de uma recomendação médica, chamada ‘precaução de contato’ – normal em casos de prematuros. Por enquanto, o pai só pode tocá-lo por meio de uma abertura na incubadora. Carinho diário que parece estar fazendo a diferença na recuperação do bebê. 

Nos últimos dias, Yago cresceu, ganhou 1,8 centímetros. No entanto, perdeu peso, está com 80 gramas a menos que no dia do nascimento, o que é natural em casos de recém-nascidos prematuros, conforme a equipe médica.

Foram cortados os antibióticos e a fototerapia - método terapêutico baseado em banhos de luz. A única medicação ainda recomendada ao pequeno, segundo o hospital, é para o coração, já que ele teve algumas complicações quando nasceu.

Ainda de acordo com o hospital, em poucos dias, os médicos pretendem inserir no tratamento de Yago o método conhecido como ‘Canguru’ – quando o bebê prematuro é colocado em contato pele a pele com a mãe, o que também deve ajudar na recuperação. Como Renata se foi, a missão caberá ao pai de Yago.

Ao Campo Grande News, a Santa Casa informou que quem cuida do bebê todos os dias diz que ele é bastante agitado, chora quando quer algo e tem duas características peculiares, pés e mãos cumpridos e bastante cabelo.

Luta pela vida – O caso de Yago é inédito em Mato Grosso do Sul e foi marcado por troca de informações com médicos do Espírito Santo e Portugal, onde houve situação similar. Com a morte encefálica da mãe, Renata Souza Sodré, 22 anos, o nascimento do bebê era uma aposta de alto risco.

“É muito difícil um caso como esse porque além do risco de morte, tem o risco de infecção. Tudo compromete a viabilidade do nascimento dessa criança”, afirmou a médica Patrícia Berg Leal, responsável pela UTI (Unidade de Terapia de Intensiva), em entrevista ao Campo Grande News no dia 2 deste mês.

Após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral) em 27 de janeiro, Renata teve a morte cerebral constatada por dois exames clínicos mais exame de imagem. Os exames também apontaram que o feto vivia e entrava na 17ª semana.

Com o caso explicado à família e acompanhado pela Comissão de Ética do hospital, começou a administração diária de medicamentos, pois, com a morte cerebral, o corpo para de produzir hormônios.

Contra o risco de infeção, o trabalho envolvia todos os setores da UTI, da limpeza ao corpo clínico. A médica contou que a paciente recebia a mesma atenção das demais pessoas internadas na terapia intensiva, que, por atender os casos graves, tem regras rígidas de funcionamento.

A gestação deveria ser mantida, pelo menos, até a 28ª semana (sete meses). Segundo a médica, não havia como prever sequelas. A gravidez era monitorada por exames e ultrassons todos os dias.

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