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Capital

História está longe de final feliz, mas garoto torturado já é super-herói

Luana Rodrigues e Viviane Oliveira | 04/03/2016 11:11
Marcas de tortura agora são escondidas por fantasia e tomar remédios, só no copo do homem-aranha. (Foto: Divulgação)
Marcas de tortura agora são escondidas por fantasia e tomar remédios, só no copo do homem-aranha. (Foto: Divulgação)
Visitantes brincaram com o menino por algumas horas. (Foto: Divulgação)
Visitantes brincaram com o menino por algumas horas. (Foto: Divulgação)

Poderia ser ficção, mas a história desse super-herói é bastante real e há 11 dias vem sendo contada em meio a revolta, tristeza e esperança. Na quinta-feira (3), o choro de dor se foi. Deu espaço a gargalhadas. O menino de quatro anos torturado por familiares se tornou Homem Aranha e agora tenta se livrar das cicatrizes físicas e psicológicas do jeito mais simples para uma criança: brincando.

A fantasia do Homem Aranha foi um presente da Liga do Bem, grupo de voluntários que se vestem de super-heróis para alegrar crianças em hospitais. “Ele não tem noção do que passou. Não sabe que o que viveu foi uma tortura. Pensava que era normal sentir dor”, disse a psicóloga Alexandra do Nascimento, que é membro da equipe multidisciplinar que cuida do garoto.

A psicóloga não nega que o super-herói vai se lembrar das tristes aventuras que viveu nesse período – que durou cerca de nove meses. No entanto, explica que o tratamento e a vida daqui para frente é que garantirão a vitória sobre os vilões do trauma.

Para o garoto até tomar remédio é divertido agora. Mas o copo é especial: do Homem Aranha. E pode parecer mentira, mas esse super-herói também tem super-poderes. “Ele parece não sentir dor. Não reclama do tratamento, apesar de dolorosos. Não reclama de nada e ainda é carinhoso”, diz a médica pediatra Patrícia Otto, que o atende.

O menino, que chegou ao hospital debilitado, com graves ferimentos e que mal falava, agora é outro. E quem acompanha de longe, pensa até que essa história já chegou no tão esperado final feliz, mas não é bem assim. O prazo que ele deve permanecer no hospital ainda é indeterminado. Além de se recuperar dos traumas físicos, ele passa por tratamento psicológico.

Depois de receber alta, o garotinho será reencaminhado a um abrigo, onde deve aguardar adoção. Apesar das particularidades do caso, o processo de adoção deve durar de 6 meses a um ano.

A verdade é que este conto está só no começo. “Só o tempo pode dizer como ele vai responder ao tratamento, o importante é nós estarmos confiantes.”

Fantasia, copo e boneco do homem- aranha foram presentes da Liga do Bem. (Foto: Divulgação)
Fantasia, copo e boneco do homem- aranha foram presentes da Liga do Bem. (Foto: Divulgação)
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