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Capital

Polícia encerra inquérito sobre tortura de menino; quatro são indiciados

Luana Rodrigues | 04/03/2016 09:02
Criança teve vários ferimentos, principalmente de queimaduras no rosto e pescoço. (Foto: divulgação)
Criança teve vários ferimentos, principalmente de queimaduras no rosto e pescoço. (Foto: divulgação)

Dez dias após a descoberta do crime, a Polícia Civil encerra nesta sexta-feira (04) o inquérito que investiga a tortura contra um menino de quatro anos. Segundo o delegado responsável pelo caso, os quatro envolvidos no crime serão indiciados. Eles vão responder por tortura qualificada e abandono de incapaz.

“Não vejo necessidade de outras diligências, então no fim do dia devemos entregar o inquérito”, disse o delegado Paulo Sergio Lauretto. A polícia diz estar segura da efetividade das provas coletadas até agora. “Se não estivéssemos seguros não teríamos pedido a prisão deles e o Juiz não teria aceitado”, afirmou.

Ontem (03), a defesa de uma das suspeitas, uma mulher de 60 anos, disse que considera as provas ‘frágeis’ e avalia que a investigação foi contaminada por “sentimento”. “A defesa discorda da prisão porque não há provas da participação na tortura. Mas só depoimentos dos acusados”, afirma o advogado Marcos Ivan, que defende a mãe da mulher de 31 anos, que confessou os maus tratos ao sobrinho em sessões de magia negra.

Para o advogado, os responsáveis pela investigação “colocaram sentimento” porque se solidarizaram com a criança e não levaram em consideração as questões necessárias para a prisão, como provas e indícios fortes.

A mulher de 60 anos está presa temporariamente na 2ª Delegacia da Capital, mas, em breve, deve ser transferida para o presídio. Para o delegado Paulo Sérgio Lauretto, titular da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), apesar da presa em Aquidauana negar a participação, a acareação realizada na quarta-feira (02) evidencia sua participação.

A prisão temporária tem validade de 30 dias e o advogado não pretende tentar reverter a situação, por meio de habeas corpus.

Mãe evangélica – Também na tarde desta quinta-feira (03), o filho da presa apontada como mentora saiu em defesa da mãe e disse que a irmã a acusou em represália, por ela não ter concordado com a adoção da criança. Conforme o pedreiro de 34 anos, há um ano a irmã não visitava a mãe em Aquidauana.

Ainda segundo ele, que mora em Campo Grande e não quis divulgar o nome, a mãe é evangélica e jamais participou de rituais. O homem confirmou que teve um padrasto que fazia magia branca. “A família toda está muito envergonhada pela atitude da minha irmã contra essa criança”, afirma.

Ao todo, quatro pessoas foram presas. Os tios do menino, a mãe da tia da criança e um primo de 18 anos. O caso que chocou a cidade veio à tona em 23 de fevereiro, após o Conselho Tutelar constatar queimaduras e marcas de espancamento pelo corpo do menino, que está internado na Santa Casa. Os tios e o primo confessaram a violência e dizem que agiam sob influência de uma entidade. Caso sejam condenados, os suspeitos podem pegar de 5 a 13 anos de prisão.

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