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Capital

Indiciado por assediar mulheres, médico fica em silêncio durante interrogatório

Salvador Lopes de Arruda, 67 anos, foi indiciado por assédio sexual e importunação

Kerolyn Araújo e Bruna Marques | 28/09/2020 11:19
Médico Salvador Lopes de Arruda, 67 anos, foi indiciado por dois crimes. (Foto: Reprodução/Santa Casa)
Médico Salvador Lopes de Arruda, 67 anos, foi indiciado por dois crimes. (Foto: Reprodução/Santa Casa)


Indiciado por importunação sexual contra paciente e colegas de trabalho, o ginecologista Salvador Lopes de Arruda, 67 anos, ficou em silêncio durante interrogatório na Deam (Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher). Nos últimos 10 meses foram registrados quatro boletins de ocorrência contra o médico.

Segundo a delegada Maira Pachedo Machado, responsável pelas investigações, quatro vítimas procuraram a delegacia para denunciar Salvador, sendo duas técnicas de enfermagem, uma médica e uma paciente.

A primeira denúncia chegou à delegacia no dia 25 de dezembro de 2019, de uma técnica de enfermagem. Em janeiro deste ano, a segunda profissional procurou a polícia. Em agosto, a paciente e a médica também denunciaram o ginecologista.

Conforme as investigações, Salvador assediava as vítimas deixando claras as intenções de manter com elas relações além de profissional. A médica, que na época era residente no hospital, relatou à polícia que, em uma das ocasiões, o autor colocou a mão dela na virilha dele.

Já a paciente, Salvador assediou com palavras de baixo calão, perguntando, inclusive, o que ela "gostava na cama" e "se gostava de ser chupada gostoso".

"Temos um outro caso, embora a vítima não tenha nos procurado, de uma médica que atendeu uma paciente que estava chorando após consulta com ele. O médico pegou na virilha dela e fez gestos que não são de procedimentos ginecológicos", comentou Maira.

Fernanda Félix, Maira Pachedo e Bárbara Camargo, delegadas da Deam. (Foto: Henrique Kawaminami)
Fernanda Félix, Maira Pachedo e Bárbara Camargo, delegadas da Deam. (Foto: Henrique Kawaminami)


Ainda conforme a delegada, Salvador usava da profissão para ter intimidade com as vítimas e tinha essas abordagens como atitudes "normais". As frases usadas com as mulheres eram semelhantes. "Elas disseram quase a mesma coisa", disse.

Somente na Maternidade Cândido Mariano já foram abertas duas sindicâncias contra o ginecologista. No CRM (Conselho Regional de Medicina), há denúncias contra Salvador desde 2013. Ele foi absolvido pela entidade das três primeiras, sendo uma delas de 2015, mesmo com denúncia na área criminal.

"Se existem outras vítimas, que nos procurem e denunciem esse homem. Estamos prontas e à disposição para atende-las. É importante denunciar para que ele seja punido", ressaltou a delegada Fernanda Félix, titular da Deam.

Salvador foi indiciado por assédio sexual e importunação. No interrogatório na delegacia, o médico ficou em silêncio e disse que só vai falar em juízo.

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