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Capital

Índios alegam manobra política em nomeação; governo do Estado nega

Liana Feitosa | 27/01/2015 18:07
Texto de carta assinada por cacique diz que liderança não conhece nomeada para pasta.
Texto de carta assinada por cacique diz que liderança não conhece nomeada para pasta.

Lideranças indígenas de Mato Grosso do Sul estão insatisfeitas com a nomeação da terena Silvana Dias de Souza Albuquerque como chefe da Subsecretaria de Políticas Indígenas do Estado. A representante, assim como os titulares das subsecretarias de políticas públicas para a promoção da igualdade racial, juventude e mulheres, foi apresentada nesta segunda-feira (26) pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

Rubson Terena, de 48 anos, líder no Posto Indígena de Taunay, acredita que Silvana foi nomeada devido a critérios políticos e indicada pelo PPS (Partido Popular Socialista). Rubson, e outros dois representantes indígenas, foi ouvido pelo Campo Grande News no final da manhã desta terça-feira (27).

Na ocasião, Rubson apresentou uma carta assinada pelo cacique Ramiro Luiz Mendes, da Aldeia Ipegue, de Aquidauana, onde afirma não conhecer Silvana. No texto, direcionado à vice-governadora do Estado, Rose Modesto, o cacique afirma que outros líderes também não conhecem a representante.

Acordo quebrado - Segundo eles, havia um acordo de que a vice-governadora levaria às lideranças indígenas nomes indicados à pasta. Sendo assim, seria nomeado um representante realmente atuante nas causas étnicas. No entanto, o combinado não foi cumprido. Para eles, Silvana não tem representatividade.

"Precisamos de alguém que realmente nos represente porque enfrentamos problemas de demarcação de terra, problemas com a Funai (Fundação Nacional do Índio). Então, precisamos de alguém que nos ajude", afirma Rubson. Por isso a expectativa era que o governador nomeasse alguém que pudesse interceder pelo grupo.

"Desde o dia 8 desse mês a gente esperava que a vice-governadora nos passasse o nome das pessoas indicadas para a subsecretaria, mas ela nunca mais entrou em contato", explica o indígena. Ainda de acordo com ele, representantes indígenas tentaram contato várias vezes com Rose, mas não tiveram retorno.

Protesto - Por isso, foi marcada para esta quarta-feira (28), às 15h, uma reunião com a vice-governadora, segundo os representantes. "Se ela não atender nossa comissão indígena, vamos fechar em protesto a Avenida Afonso Pena, no cruzamento com a Rua 14 de Julho", garantem.

Segundo Rubson, existem 77 aldeias no Estado e, portanto, 77 caciques. A nomeação d Silvana desagrada a todos eles. Ainda de acordo com os representantes, não existe insatisfação quanto ao trabalho de Azambuja, afirmação feita mais de uma vez durante entrevista ao Campo Grande News. Para os indígenas, a decisão quanto ao nome que assumiria a pasta foi de assessores, e não do próprio governador.

Governo no Estado - Em nota, a assessoria do Governo do Estado alega que a reunião com a vice-governadora não foi confirmada. "A informação de que o indígena Rubson Terena teria uma agenda com a vice-governadora e secretária Rose Modesto não procede, segundo a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast). Ele fez um primeiro contato, mas não chegou a agendar a reunião com a vice-governadora", diz a nota.

Além disso, segundo a nota, a terena Silvana Dias de Souza Albuquerque foi escolhida em uma reunião com representantes de todas as etnias indígenas de Mato Grosso do Sul para assumir a Subsecretaria de Políticas Indígenas.

No entanto, a carta assinada pelo cacique Ramiro, apresentada ao Campo Grande News, contradiz a afirmação do governo. "Vale lembrar que se porventura existe assinaturas de caciques em seu favor (de Silvana), nós caciques do município de Aquidauana fomos deixado de lado, queremos saber o que está acontecendo, para que não tenhamos dúvidas", diz o texto do indígena.

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