Inseguras, mães pedem aulas on-line na rede pública de Campo Grande
Responsáveis estão receosas com casos de ataque em escolas no País e temem possíveis atentados
Mães de alunos da Escola Municipal Desembargador Carlos Garcia de Queiroz, localizada no Bairro Zé Pereira, se reuniram em frente à unidade escolar, na tarde desta quinta-feira (13), para pedir que a direção volte com as aulas on-line. A solicitação é uma tentativa de proteger os filhos de possíveis ataques que circulam nas redes sociais.
Ao Campo Grande News, Luana Cristiny, de 22 anos, disse que o filho chora para não ir para a escola. “Todos os dias notícias nos jornais de morte em escolas. Pedi à diretora para passar as atividades para ele fazer em casa até esse caos passar, mas ela não deu ouvidos”.
O receio é tão grande que a mãe se prontificou a ficar de guarda e fazer revezamento com outros pais na entrada da escola. “Disse para gente realizar um rodízio de pais, um fica na entrada e outro na saída”.
Bárbara Rocha, de 23 anos, ressaltou que não vai deixar o filho ir à escola. “Estão brincando com a vida dos nossos filhos, é lamentável. A única coisa que a diretora disse foi para os pais se organizarem e fazer uma vaquinha e comprar concertina e colocar na escola", disse.
A recepcionista Mariane Lopes, de 27 anos, comentou que a situação é complicada e gera medo nos pais. “Se não mandamos nossos filhos para a escola o bolsa família é cortado e se mandamos corremos o risco de acontecer o pior. Porque não sabemos o que é verdade e o que é mentira. Nosso bem mais precioso são nossos filhos e estão à mercê de pessoas mal intencionadas”, finalizou.
A Semed (Secretaria Municipal de Educação) informou que possui uma parceria com a Guarda Municipal e com a Sejusp-MS (Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública), por meio do Programa Escola Segura Família Forte, que monitora escolas e também desenvolve palestras e conversas preventivas com os alunos.
A pasta ainda esclareceu que a direção escolar aciona os órgãos competentes sempre que apresentado algum tipo de comportamento inadequado nas unidades escolares.
"Também existe o Setor de Acompanhamento de Conflitos Relacionados à Evasão e Violência Escolar (Secoe), que realiza periodicamente cursos de formação continuada com diretores e coordenadores, para que estes saibam identificar os casos de abusos e violência e realizarem as denúncias aos órgãos competentes).
O Setor atua com palestras preventivas nas escolas, por meio de conversas com alunos sobre bullying e violência.
Salientamos que todas as unidades estão sendo monitoradas pelas secretarias de segurança e também de maneira cibernética".
Caso recente - Conforme já publicado pelo Campo Grande News, na Capital, o pânico de invasões e atentados em escolas chegou ao ponto de adolescentes decidirem se armar “para se defender”.
Entre terça e quarta-feira (12), estudantes de colégios públicos e particulares de Campo Grande foram pegos com facas, canivete e até martelo em mochilas. Nos três casos, meninos e meninas alegaram que estavam prontos para responder a agressões em caso de ataque.
No fim da manhã de hoje, garoto de 12 anos, estudante de colégio particular localizado no Jardim Leblon, na Capital, foi pego com duas facas e martelo na mochila. A Polícia Militar foi chamada e o menino acabou levado para a Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude).
Em depoimento, ele afirmou que não tinha a intenção de ferir ninguém. Aliás, só foi pego porque conversa dele com um amigo acabou delatada. Ele dizia que o colega poderia ficar perto dele caso alguma coisa acontecesse, porque ele estava “pronto para se defender”.
Outros casos – Chegaram ao Campo Grande News, nesta terça-feira (12), histórias de outras duas crianças da Capital. Essas ocorrências, porém, não foram parar na polícia.
Uma delas, uma menina de 9 anos, aluna do 4º ano de escola no Bairro Taveirópolis, levou um canivete para o dia de aula. Ao ser pega com o objeto, na tarde de ontem (11), ela justificou que “ninguém a mataria”.
Também na manhã de terça-feira, aluno de unidade da rede pública na região da Coophavila levou uma faca de serra para a escola. Os pais dele foram chamados para conversa porque o menino disse que havia sido ideia deles que colocar o objeto na mochila “para proteção”.