Investigação sobre morte no lixão vai ouvir testemunhas semana que vem
Em uma situação dessas é difícil imaginar o que tornaria o fato menos trágico, mas segundo a perícia, o estado do corpo indica que ele morreu na hora do desmoronamento
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar a morte do menino Maikon Correia de Andrade, 9 anos, soterrado na tarde desta quarta-feira depois de um desmoronamento no lixão. Após a retirada do corpo, encontrado no final da manhã de hoje em meio a montanha de lixo, a Polícia já está periciando o local.
Com os laudos do lixão em mãos, a Polícia vai ouvir os pais da criança e os responsáveis pelo lixão. Segundo o delegado do 5ª Distrito Policial, Jairo Carlos Mendes, a previsão é de que isso ocorra no final da semana que vem.
De acordo com o delegado, os laudos vão apontar as circunstâncias da queda, a situação do terreno e as condições do aterro. “Ali era o último lugar onde uma criança poderia estar”, ressalta.
No começo da tarde desta quinta-feira, o Corpo de Bombeiros realizou uma coletiva sobre o trabalho de buscas. O comandante responsável pelo resgate a partir das 7h da manhã de hoje, capitão Luiz Moreira, ressaltou que o foco dos serviços o tempo todo, era a família de Maikon.
“Em nenhum momento nós pensamos em parar, porque a gente sabe da dor da família. E que eles querem o corpo”.
O desejo e o empenho de toda equipe de bombeiros, Defesa Civil era para retirar o menino com vida. “A gente sempre trabalha buscando salvar. Nesse caso já era difícil encontrar a criança com vida pelas condições do local”, explicou o capitão.
Todo o serviço envolveu três maquinários, 14 homens, nove deles militares, ainda apoio do Samu e Secretaria Municipal de Obras.
Depois de 20 horas de buscas, o primeiro a ver que o menino havia sido achado foi o coordenador de operações da Defesa Civil, Sebastião Rayol. Emocionado, com lágrimas nos olhos ele gritou para que as máquinas parassem “acharam, para, para, para”.
As visíveis toneladas de lixo foi o que dificultou o trabalho. Embora o Corpo de Bombeiros tivesse o receio de que o trabalho durasse até quatro dias. “Foi mais rápido do que a gente esperava, o nosso medo era passar um, dois, três, até quatro dias e o estado de decomposição do corpo é ainda mais rápido nesse caso, por conta das bactérias do lixão”, disse o capitão Luiz Moreira.
Em uma situação dessas é difícil imaginar o que tornaria o fato menos trágico, mas segundo o perito Domingos Sávio, o estado do corpo de Maikon indica que ele morreu na hora do desmoronamento. “A morte foi instantânea”, falou.
O corpo foi levado para o IMOL (Instituto Médico Odontológico Legal). O caso será investigado pela 5ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande. A prefeitura também instaurou processo administrativo para apurar a ocorrência, quem estava trabalhando no momento do incidente, quais empresas e quem teve acesso àquela área.