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Capital

Jamal convoca pediatras e ouve sugestões para conseguir contratar novos

Zana Zaidan | 20/05/2014 20:09
Jamal recebeu quatro pediatras da rede pública na Sesau (Foto: Marcelo Victor)
Jamal recebeu quatro pediatras da rede pública na Sesau (Foto: Marcelo Victor)

Para atrair pediatras à rede de saúde municipal, a prefeitura de Campo Grande convocou quem conhece de perto a realidade dos postos para ouvir sugestões e entender por que a administração municipal não consegue contratar 120 especialistas da área.

Quatro pediatras que atuam em diferentes unidades de saúde foram recebidos na noite de hoje (20) pelo chefe da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), Jamal Salém, e, entre outras reivindicações, consideram que o salário precisa dobrar, além da necessidade de melhorias básicas que vão desde a compra de colchões para descanso dos plantonistas até o conserto de aparelhos de ar-condicionado.

“O primeiro ponto são as péssimas condições de trabalho. Ninguém quer porque, durante todo o plantão, você fica sozinho, para dar conta de atender todas as crianças”, conta o pediatra Amílcar Ximenes, lotado na UPA do bairro Universitário.

Só ontem, exemplifica Gabriela Maffei, cinco pediatras do posto do Coronel Antonino realizaram 170 atendimentos durante o plantão. “E se passa de 20 atendimentos, você mal consegue raciocinar direito, é muito puxado”, reforça Amílcar.

Para Amílcar, excesso de carga horária afasta novos médicos (Foto: Marcelo Victor)
Para Amílcar, excesso de carga horária afasta novos médicos (Foto: Marcelo Victor)

Salários – A remuneração oferecida, considerada baixa, é outro fator que afasta interessados. “E também não recebemos por atendimento, como outros especialistas, nem temos adicional”, acrescenta Gleison Camaroni, do posto do Aero Rancho. Hoje a prefeitura paga R$ 2.371 por 20 horas semanais. “Sabemos que não tem como chegar a R$ 10 mil, mas o ideal seria pelo menos dobrar”, considera o pediatra, referindo-se ao valor da Federação Nacional dos Médicos, que estabelece piso é de R$ 10.999,19 para a mesma carga horária.

Estrutura – Além do excesso de expediente, os profissionais enfrentam problemas nos intervalos entre uma escala e outra. Taís Damasceno conta que na Vila Almeida seis médicos se revezam para dormir entre dois colchões. “Todos fogem do plantão da noite”, afirma. O resultado é que, sem interessados no noturno, os demais acabam cobrindo a escala.

Segundo Jamal, a intenção da reunião é traçar uma linha para atrair os médicos. “Eles já sabem quanto pagamos, agora, queremos ouvir uma proposta deles, e o que pode ser estabelecido como melhoria”, disse.

A Sesau já tentou por três vezes, sem sucesso, convocar profissionais para atuar na rede pública. Até o momento, só oito profissionais se apresentaram.

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