Justiça mantém denúncia e "Clã Morinigo" será julgado por lavagem de dinheiro
Emídio Morinigo e dois filhos, Kleber e Jefferson, são acusados de comandar esquema de tráfico de cocaína
A Justiça Federal negou o pedido de Emídio Gimenez Morinigo e dos filhos, Kleber e Jefferson, para anular denúncia contra a família. Pai e filhos serão julgados pelos crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de bens oriundos do tráfico de drogas.
O “Clã Morinigo” ficou conhecido em setembro de 2020, quando foi alvo da “Operação Status”, da Polícia Federal. Os três, segundo a acusação, são os ocupantes do topo do organograma de esquema milionário de transporte de cocaína. À época, foram sequestrados, de carros a propriedades, bens avaliados em R$ 230 milhões.
Advogados dos Morinigo alegaram cerceamento de defesa, mas em decisão publicada no Diário Oficial da Justiça do dia 26 de janeiro, o juízo da 5ª Vara Federal entendeu o contrário. “Deste modo, fica claro que não há conveniência apta a justificar a reunião dos feitos. A medida não importa em qualquer violação à ampla defesa dos réus, pois, embora haja alegação de que integrariam o mesmo grupo criminoso, a situação de cada acusado é individual”.
A decisão também destaca que o processo contra os Morinigo foi parado por quase 1 ano para que as defesas pudessem ter acesso a “todos os materiais que estavam em posse do MPF [Ministério Público Federal] após a instauração da ação penal”.
“Posto isto, não sendo conveniente a reunião dos feitos, indefiro o pedido para a nulidade do feito desde o ato formal de recebimento da denúncia. A tese não deve prosperar. As defesas tiveram e têm acesso a todos os elementos destes autos, com plena observância ao contraditório e ampla defesa. Não há, neste sentido, prova de prejuízo a macular os atos já praticados neste feito”, completa a sentença.
O julgamento está marcado para começar em fevereiro.
A operação – Após investigações com apoio da Receita Federal e MPF (Ministério Público Federal), no dia 11 de setembro de 2020, a PF e a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) foram às ruas do Brasil e Paraguai para cumprir 8 mandados de prisão e 42 de busca e apreensão, além de ordens para o sequestro de bens, sendo 10 imóveis no valor de R$ 150 milhões no país vizinho.
O esquema criminoso investigado tinha como ponto principal a lavagem de dinheiro do tráfico de cocaína, por meio de “laranjas” e empresas de fachada, como construtoras, administradoras de imóveis e as garagens de luxo.
Segundo a investigação da Polícia Federal, o “Clã Morinigo” contava com a ajuda do proprietário de dono de casas câmbio no Paraguai para fazer as movimentações financeiras e lavar os milhões do lucro com o comércio de cocaína.
Pai e filhos são brasileiros, naturais de Ponta Porã, na fronteira com Pedro Juan Caballero, e moravam em Campo Grande até que em 2020 se mudaram para a fronteira. Embora, segundo a PF, “não chegasse perto do dinheiro”, fazendo todas as movimentações financeiras por meio de doleiros e operadores, o clã “fugiu” para a cidade paraguaia na fronteira quando desconfiaram que estavam sendo investigados.
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