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Capital

Justiça ouve o “cabeça” de grupo suspeito de enganar 1,3 milhão em pirâmide

Empresário e casado com a cantora Perlla, Patrick Abrahão Santos Silva está preso no RJ

Aline dos Santos | 04/08/2023 09:43
No estilo ostentação, Patrick posa em Lamborghini Urus durante viagem a Dubai. (Foto: Reprodução/Instagram)
No estilo ostentação, Patrick posa em Lamborghini Urus durante viagem a Dubai. (Foto: Reprodução/Instagram)

Apontado como um dos “cabeças” de organização criminosa suspeita de fazer 1,3 milhão de vítimas em esquema transnacional de pirâmide de criptoativos, Patrick Abrahão Santos Silva será interrogado na próxima segunda-feira (dia 7) na 3ª Vara Federal de Campo Grande.

Músico, empresário e casado com a cantora Perlla, ele está preso no Rio de Janeiro e será ouvido por meio de videoconferência. A investigação, que resultou na operação La Casa de Papel, liderada pela PF (Polícia Federal) de Dourados, começou com a apreensão de dois quilos de esmeraldas em Rio Brilhante, a 163 km de Campo Grande. O flagrante foi feito pela PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Segundo a operação, Patrick, que está preso desde 19 de outubro de 2022, se apresentava como “number one” (número um) da Trust Investing e era garoto-propaganda, com o estilo de vida chamado de ostentação, exibindo carros de luxo e roupas de grife. Conforme a Polícia Federal, ele e outros investigados encabeçariam organização criminosa atuante em diversos países, com movimentação de valores equivalente a R$ 124,3 milhões.

Ao autorizar as prisões, a Justiça destacou que vislumbrava estar “diante de uma organização criminosa dedicada à prática de crimes contra o sistema financeiro nacional, estelionato e lavagem de dinheiro”.

O grupo seria especializado na captação de recursos financeiros de terceiros, a pretexto de gerir os respectivos investimentos, apesar de não possuírem autorização para funcionar como instituição financeira.

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“E, para além disso, induzindo e mantendo em erro os investidores sobre a natureza dos negócios desenvolvidos, ao prometer-lhes lucros extraordinários e impraticáveis, que na verdade beneficiariam apenas os líderes do topo, constituindo-se típico esquema de pirâmide financeira”, aponta o Poder Judiciário.

Recentemente, o TRF 3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) negou pedido de liberdade para Patrick. A reportagem não conseguiu contato com a defesa.

Na segunda-feira, no período vespertino, também serão interrogados Ivonelio Abrahão da Silva (pai de Patrick) e Diorge Roberto de Araújo Chaves.

Após a audiência, será aberto prazo para requerimentos e juntada de documentos. Somente depois dessa etapa o processo entra na fase de alegações finais, que antecede a sentença.

Dinheiro apreendido na Operação La Casa de Papel (Foto: Divulgação/PF) 
Dinheiro apreendido na Operação La Casa de Papel (Foto: Divulgação/PF)

Captação – A investigação da Polícia Federal reporta o caminho dos investimentos. Primeiro, a pessoa se cadastrava no site da Trust Investing, que ofertava planos de 15 dólares a cem mil dólares.

Com o cadastro, era gerada uma wallet (carteira) para o investidor, que seria usada para comprar e receber em criptoativos. Paga-se o plano com o token (espécie de criptomoeda), que flutua na proporção de 1x1 com o dólar americano. Do total investido, 60% irão para investimentos em trading (operações de compra e venda), criptomoedas e compra de outros ativos. Os outros 40% serão para expansão da Trust, com cotas diárias disponibilizadas para saques.

Além disso, após um ano de investimento, o grupo orienta a investir o dobro do capital inicial ou renovar com o mesmo valor. Há também a opção de trazer novos investidores e aquele que convidar essas pessoas ganha comissão pelas indicações. Contudo, os recursos seriam desviados para aquisição de bens de luxo.

“É importante lembrar, que apesar da acusação de operar sem a autorização do Banco Central, eles não eram um banco, mas sim uma exchange, as quais somente foram regulamentadas no final do ano passado e neste ano. Antes, não havia legislação a respeito, e exchanges são completamente diferentes de instituição financeira”, afirma a advogada Talesca Campara de Souza, que atua na defesa da empresa Trust Investing. Exchanges são corretoras de ativos digitais.

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