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Capital

Justiça recebe denúncia contra acusados de complô para cassar Bernal

Acusações recaem sobre o ex-governador André Puccinelli (MDB), o procurador municipal André Luiz Scaff, dois ex-prefeitos, 10 vereadores ou ex-parlamentares e 5 empresários

Anahi Zurutuza | 12/12/2018 13:04
Gaeco na Câmara em agosto de 2015: era a Operação Coffee Break (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)
Gaeco na Câmara em agosto de 2015: era a Operação Coffee Break (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)

O juiz Marcio Alexandre Wust, da 6ª Vara Criminal de Campo Grande, aceitou a denúncia contra o ex-governador André Puccinelli (MDB), o procurador municipal André Luiz Scaff, dois ex-prefeitos, 10 vereadores ou ex-parlamentares e 5 empresários por consequência da Operação Coffee Break. A ação criminal contra os 19 réus tramita desde 2016 e os acusa de armar complô para cassar o então prefeito Alcides Bernal (PP).

Conforme a investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) concluiu que os empresários João Alberto Krampe Amorim dos Santos e João Roberto Baird teriam encabeçado a conspiração contra Bernal e, conforme a apuração, comprando o voto de vereadores para cassar prefeito, em março de 2014.

Além deles, os parlamentares e os ex-prefeitos Gilmar Olarte e Nelsinho Trad são acusados de participar do conluio para tirar Bernal do cargo. Os empresários Luiz Pedro Gomes Guimarães e Raimundo Nonato de Carvalho são os responsáveis por apresentar a denúncia contra o então prefeito que resultou na abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) “do Calote” e por consequência na cassação.

As acusações são de organização de criminosa e corrupção. Também na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos tramita ação civil de improbidade administração que cobra indenização de R$ 25 milhões por danos morais coletivos.

Veja quem são os réus na lista abaixo:

Empresários:
Carlos Eduardo Belineti Naegele
João Alberto Krampe Amorim dos Santos, dono da Proteco
João Roberto Baird, dono da Itel Informática
Luiz Pedro Gomes Guimarães
Raimundo Nonato de Carvalho

Ex-vereadores e parlamentares:
1. Carlos Augusto Borges, o vereador Carlão (PSB)
2. Edil Afonso Albuquerque (PTB), ex-vereador
3. Edson Kiyoshi Shimabukuro (PTB), ex-vereador
4. Eduardo Pereira Romero (Rede), vereador
5. Flávio César Mendes de Oliveira (PSDB), ex-vereador
6. Gilmar Nery de Souza, vereador Gilmar da Cruz (PRB)
7. João Rocha (PSDB), atual presidente da Câmara
8. José Airton Saraiva (DEM), ex-vereador
9. Mário César de Oliveira Fonseca (MDB), ex-presidente da Câmara
10. Otavio Augusto Trad Martins (PTB), vereador
11. Waldecy Batista Nunes, o Chocolate (PTB), ex-vereador

André Luiz Scaff (procurador municipal)
André Puccinelli (ex-governador)

Ex-prefeitos:
Gilmar Antunes Olarte
Nelson Trad Filho (PTB)

Ex-prefeito Alcides Bernal em entrevista em 2015 (Foto: Alcides Neto/Arquivo)
Ex-prefeito Alcides Bernal em entrevista em 2015 (Foto: Alcides Neto/Arquivo)

Três prefeitos em 1 dia - Pouco mais de um ano depois da cassação, em 25 de agosto de 2015, vésperas do aniversário de 116 anos Campo Grande, moradores viram a Capital ter três prefeitos em um só dia.

A cidade acordou com Gilmar Olarte no cargo, almoçou com a notícia de que o vereador Flávio César assumiria a administração municipal e dormiu com Alcides Bernal de volta ao comando do Poder Executivo.

Naquele dia, Olarte foi afastado e Bernal reassumiu, depois de ter voltado a ser prefeito por algumas horas no dia 15 de abril de 2014. Após reassumir o cargo pela manhã por força de liminar, uma decisão do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) determinou que o vice permanecesse como prefeito.

Defesas – Em resumo, os acusados negam terem “armado” a cassação. O Campo Grande News conseguiu falar com alguns dos advogados dos réus.

“A Operação Coffee Break não passa de uma fantasia jurídica. O Ministério Público usa de suposições para tentar criar uma situação criminosa que não aconteceu e que será esclarecida nas defesas do Gilmar Olarte”, afirmou Kárlen Karim Obeid, que defende Gilmar Olarte.

O advogado alega ainda que não há provas do suposto complô. “Inclusive o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul já reconheceu a legitimidade da cassação do Alcides Bernal, portanto torna ainda mais sólida a defesa e os esclarecimentos de Olarte, de que não houve qualquer tentativa criminosa de cassar o ex-prefeito”.

José Wanderley Bezerra Alves, que representa João Roberto Baird e André Luiz Scaff, disse apenas que ainda não teve acesso ao conteúdo da decisão.

Já Fábio Castro Leandro, advogado de Jamal Mohamed Salém, Gilmar da Cruz e Chocolate disse que está confiante na absolvição dos clientes “porque não existiu qualquer troca de favores”. “Foi só um recebimento da denúncia. Agora que vamos apresentar toda defesa, documentos e ouvir testemunhas, se for necessário”.

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