Filho de Odilon tentou se esconder das câmeras ao visitar Puccinelli
Imagens também contradizem versão do coordenador da campanha do juiz Odilon de Oliveira sobre não ter chegado ao local na companhia do advogado Luiz Pedro Guimarães, denunciado na Coffee Break
O advogado Odilon de Oliveira Júnior tentou se esconder das câmeras para não ser identificado ao entrar no presídio e possivelmente negociar apoio do MDB com o ex-governador André Puccinelli (MDB), preso desde 20 de julho. Imagens do circuito interno mostram o filho e coordenador da campanha do juiz aposentado Odilon de Oliveira (PDT) cobrindo o rosto com a mão diante das câmeras do Centro de Triagem.
O Campo Grande News teve acesso às imagens e as cenas mostram outro detalhe que contradiz a versão dada por Odilon Júnior e o advogado Luiz Pedro Guimarães, outro denunciado após a operação Coffee Break.
Os dois visitaram o ex-governador no mesmo dia e afirmaram que foi coincidência estarem no local exatamente no mesmo horário. Mas, nas imagens, Luiz Pedro aparece primeiro, toca a campainha na portaria e em seguida, faz gesto com a mão como se estivesse chamando Odilon Júnior que aparece em seguida.
A saída dos dois também é quase no mesmo momento, com a diferença de menos de 1 minuto. Veja:
Visita – O coordenador da campanha de Odilon visitou André dois dias antes de o MDB declarar apoio ao juiz para o 2º segundo turno.
Liderança da sigla, o ex-governador presidia o partido no Estado até julho, quando foi preso pela PF (Polícia Federal) na operação Lama Asfáltica. Com a prisão, o comando foi assumido de forma interina pelo senador Waldemir Moka.
A união do MDB ao PDT para o segundo turno da eleição ao governo de Mato Grosso do Sul foi anunciada em 10 de outubro. Portanto, indicativo de que mais uma decisão política foi tomada de dentro de uma cela do complexo penal de Campo Grande, onde Puccinelli já recebeu visita de senadora a ministro.
No dia 3 de agosto, o juiz Alexandre Antunes, corregedor do sistema carcerário na Capital, determinou que fossem vetadas as reuniões políticas no local com o ex-governador. Apesar da proibição, a Agepen (Agência de Administração do Sistema Penitenciário) informou que advogados têm acesso livre, conforme prevê o estatuto da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Registros – Conforme o livro da portaria do Centro de Triagem, em que são registradas todas as entradas e saídas do estabelecimento prisional, incluindo atendimentos de advogados, Odilon Junior entrou às 11h37 de 8 de outubro “para falar com o interno André Puccinelli”.
O registro da entrada de Luiz Pedro é do mesmo horário e a saída do advogado foi anotada em duplicidade às 11h54, o que indica um erro e que uma das pessoas que deixou o presídio nesse horário seja Odilon Júnior.
Motivo – Além de negar que foram juntos visitar André, os dois negam que tenham conversado sobre política com o ex-governador e muito menos negociado o apoio do MDB a Odilon.
“Fui a convite do próprio André, como advogado. Mas não tenho como atuar no processo por conta da correria”, declarou Odilon Júnior ao Campo Grande News no dia 15 de outubro.
A reportagem também ouviu Luiz Pedro. “Eu faço alguns trabalhos para o André Puccinelli e coincidiu de ter pego o mesmo horário do Odilon”.