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Política

Filho de Odilon visitou André na cadeia 2 dias antes de fechar apoio do MDB

O filho do juiz Odilon estava em companhia do advogado Luiz Pedro Gomes Guimarães, denunciado na Coffee Break

Aline dos Santos | 15/10/2018 09:38
Livro da portaria do presídio, que registra quem entrou e quem saiu do estabelecimento. (Fotos: Marina Pacheco)
Livro da portaria do presídio, que registra quem entrou e quem saiu do estabelecimento. (Fotos: Marina Pacheco)

Dois dias antes de o MDB declarar apoio ao juiz Odilon de Oliveira (PDT) no segundo turno, o filho do candidato, Odilon de Oliveira Júnior - que é vereador e advogado-, visitou o ex-governador André Puccinelli (MDB) na prisão.

Conforme o livro da portaria do Centro de Triagem de Campo Grande, em que são registradas todas as entradas e saídas do estabelecimento prisional, incluindo atendimentos de advogados, Odilon Junior entrou às 11h37 de 8 de outubro “para falar com o interno André Puccinelli.

Liderança da sigla, André presidia o partido no Estado até 20 de julho, quando foi preso pela PF (Polícia Federal) na operação Lama Asfáltica, que investiga desvio de dinheiro público. Com a prisão, o comando foi assumido de forma interina pelo senador Waldemir Moka.

O filho do juiz Odilon estava em companhia do advogado Luiz Pedro Gomes Guimarães. A saída de Luiz foi anotada em duplicidade às 11h54, o que indica um erro e que uma das pessoas que deixou o presídio nesse horário seja Odilon Júnior.

A união do MDB ao PDT para o segundo turno da eleição ao governo de Mato Grosso do Sul foi anunciada em 10 de outubro. Portanto, indicativo de que mais uma decisão política passou pelo Centro de Triagem, onde Puccinelli já recebeu de senadora a ministro.

Luiz Pedro Guimarães foi um dos autores do pedido de abertura da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Calote, que resultou na cassação de Alcides Bernal (PP), então prefeito de Campo Grande, em março de 2014. A decisão da Câmara Municipal foi revista pela Justiça, Bernal concluiu o mandato e a cassação motivou a operação Coffee Break, que denunciou políticos e empresários por corrupção no processo de perda de mandato. Luiz Pedro está na lista de denunciados.

Convite – O vereador Odilon Júnior nega que o tema da conversa tenha sido segundo turno. “Fui a convite do próprio André, como advogado. Mas não tenho como atuar no processo por conta da correria”, diz. Segundo ele, a entrada com o Luiz Pedro foi coincidência e porque a portaria liberou o aceso no mesmo horário. A conversa foi na sala dos advogados.

A reportagem também ouviu João Pedro. “Eu faço alguns trabalhos para o André Puccinelli e coincidiu de ter pego o mesmo horário do Odilon”, diz. O Campo Grande News não conseguiu contato com o senador Moka.

Dia movimentado – O registro de quem entra e sai do Centro de Triagem mostra uma rotina de reuniões para o ex-governador André Puccinelli. Em 8 de outubro, a segunda-feira depois das eleições, a agenda começou às 8h10, com a chegada do advogado Ulisses da Silva Rocha, presidente municipal do MDB. Na sequência, a visita é do advogado Fábio de Melo Ferraz. Ainda durante a manhã, chegam o advogado Rene Siufi e Wellington Coelho de Souza. Ulisses retornou às 10h40.

Também no período da manhã, a advogado Cezar Renato Gazolla, que é presidente do PTC, entra no presídio para falar com André Puccinelli e Edson Giroto, ex-deputado federal e ex-secretário estadual de Obras. PTC é o partido pelo qual o ex-senador Delcídio do Amaral se candidatou. 

No dia 3 de agosto, o juiz Alexandre Antunes, corregedor do Centro de Triagem Anísio Lima, no Jardim Noroeste, determinou que fossem vetadas as reuniões políticas no local com o ex-governador. 

Apesar desse veto,  a Agepen (Agência de Administração do Sistema Penitenciário) informou que advogados têm acesso livre, conforme prevê o estatuto da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Entrada do Centro de Triagem, onde o ex-governador André Puccinelli está preso desde 20 de julho.
Entrada do Centro de Triagem, onde o ex-governador André Puccinelli está preso desde 20 de julho.
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