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Capital

Ladrões não perdoam nem túmulo do fundador da Capital e somem com foto

História de Campo Grande definha com epitáfios de ícones do passado furtados

Gabriela Couto e Izabela Cavalcanti | 22/07/2022 11:55
Ladrões não perdoam nem túmulo do fundador da Capital e somem com foto
Túmulo do fundador de Campo Grande, José Antônio Pereira, que teve a fotografia furtada. (Foto: Marcos Maluf)

Uma cidade com a história esquecida e furtada. Prestes a completar 123 anos, no dia 26 de agosto, Campo Grande mostra que não se referencia ao passado, assistindo inerte o descaso que ocorre todos os dias, de forma silenciosa, no primeiro cemitério da Capital.

O Santo Antônio, localizado entre as avenidas Calógeras, Consolação e Eduardo Elias Zahran, guarda os corpos das famílias mais tradicionais da cidade e pessoas que deixaram legados importantes até mesmo para o Estado.

Ladrões não perdoam nem túmulo do fundador da Capital e somem com foto
Depredação do túmulo do ex-prefeito Ary Coelho. (Foto: Marcos Maluf)

Mas basta fazer um passeio rápido pelos túmulos e perceber que o lugar definha, perdendo uma batalha para os ladrões de cobre e bronze que fazem a festa levando as homenagens das lápides.

Ladrões não perdoam nem túmulo do fundador da Capital e somem com foto
Foto do fundador foi levada por criminosos. (Foto: Marcos Maluf)

Nem mesmo o epitáfio do fundador da Capital, José Antônio Pereira, teve a compaixão dos criminosos. A foto do mineiro que desbravou estradas e foi responsável por começar tudo que Campo Grande é hoje, foi levada. A tumba fica próxima a entrada principal e tinha uma estátua no local. Mas agora só restam as datas de nascimento e de morte.

No cemitério também estão os jazidos do 36º governador de Mato Grosso, Arnaldo Estêvão de Figueiredo, do primeiro chamamezeiro do Estado, Zé Corrêa e de integrantes de famílias como Nasser, Nedes, Martins e Saad.

Ladrões não perdoam nem túmulo do fundador da Capital e somem com foto
Túmulo da atriz Glauce Rocha totalmente abandonado. (Foto: Marcos Maluf)

Dentre outros nomes renomados que ‘descansam sem paz' no cemitério Santo Antônio está o da atriz Glauce Rocha. Famosa por atuações no teatro e na televisão, o túmulo dela teve os letreiros furtados, sem data de obituário ou qualquer outra informação.

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Todo letreiro com nome e epitáfio da atriz Glauce Rocha foi levado por bandidos. (Foto: Marcos Maluf)

O próprio doador das terras do cemitério e o primeiro a ser sepultado no local, Amando de Oliveira, está com o túmulo sem placas, com paredes de cimento deterioradas. Apenas a data 1925 está presente no local.

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Primeiro túmulo do cemitério, onde doador do terreno foi enterrado. (Foto: Marcos Maluf)

O epitáfio do ex-prefeito da cidade, Ary Coelho teve o símbolo em cobre de medicina, sua profissão de ofício, furtado. O local onde foi sepultado também está sem placas e possui apenas a identificação de Ary Neto, familiar que também divide a mesma cova.

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Símbolo de medicina sobre lápide do ex-prefeito Ary Coelho foi furtado. (Foto: Marcos Maluf)

O educador Hércules Maymone, que é homenageado dando nome para prédios de escolas no Estado, teve o túmulo totalmente saqueado. Furtaram placa, foto, santo, e o arco de flores sobre a tumba está abandonado, enferrujado e sem plantas.

Ladrões não perdoam nem túmulo do fundador da Capital e somem com foto
Local onde descansa o educador Hércules Maymone também foi alvo de ladrões. (Foto: Marcos Maluf)

Um pouco mais recente, o local onde foi sepultado o corpo do advogado, professor e produtor rural, Eduardo Machado Metello, tem apenas a placa com o nome e data. O homem que chegou a ser vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura teve as homenagens que estavam na lápide levadas, como todos os demais que dividem espaço no mesmo cemitério.

Ladrões não perdoam nem túmulo do fundador da Capital e somem com foto
Sepultado há 22 anos, Metello tem apenas algumas placas de bronze na tumba. (Foto: Marcos Maluf)

Resposta – O administrador dos cemitérios de Campo Grande, Marcello Fonseca, explica que a obrigação pelos cuidados com os jazidos é dos familiares responsáveis pelo título. “Todos que tenham uma linhagem direta com o proprietário do título podem e devem conservar seus locais. A Prefeitura, através da Sisep, possui gestão sobre os cemitérios e não seus lotes”, explicou.

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Imagens de ícones da história da Capital foram furtadas como tantas outras. (Foto: Marcos Maluf)

No caso dos corpos de nomes renomados que foram citados na matéria, existe apenas uma saída para preservar a história após toda a árvore genealógica ter partido. “Esses túmulos específicos deveriam receber um estudo e análise para serem tombados pelo município, como patrimônio da sua história, e não te mais sepultamentos nos mesmos. Aí sim a gestão passaria para a Prefeitura”, justifica.

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