Na dor e na alegria: quando morador de rua é abrigado, pet ganha a mesma atenção
Animais recebem atendimento de saúde, alimentação e carinho em unidade de acolhimento
Trechero, Chocolate, Luizi e Belinha. Durante a manhã, eles tomam sol e no decorrer do dia ganham comida e recebem os cuidados que um animal de estimação merece. São dois cachorros, uma cadela e uma gata, acolhidos juntos aos seus tutores no na Uaifa I (Unidade de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias), antigo Cetremi. O local não tem canil ou gatil, mas os bichos se acomodam da melhor forma.
A cartilha nacional do Ministério da Cidadania determina o acolhimento das pessoas com os seus animais de estimação. Portanto, o animal não é impeditivo para que a pessoa seja acolhida, segundo a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social).
“Ao chegar em uma das unidades acompanhados por seus tutores, como na Uaifa I para onde a maioria das pessoas que aceita os serviços é acolhida, o animal é alimentado com ração pelos servidores da unidade e permanece no local, junto ao seu tutor”, explica a secretaria, em nota enviada ao Campo Grande News.
Os servidores das unidades de acolhimento também chamam os técnicos da Subea (Subsecretaria de Bem-Estar Animal) para vacinar o animal, fazer uma avaliação de saúde e oferecer todos os cuidados necessários.
Chocolate e Luizi chegaram com uma mulher, que chegou encaminhada pela Casa da Mulher Brasileira e aguarda documentação para seguir viagem para Sorriso (MT). Ela ganhou os animais quando ainda eram filhotes.
Na Uaifa, os animais socializam com o cachorro Trechero e a gata Belinha, que também chegaram por lá há alguns dias.
Lembra do Paulo e da cadela Biany, que viraram notícia quando a cadela chamou atenção em uma tendinha improvisada para fazer sombra, na Avenida Eduardo Elias Zahran, em frente ao cemitério Santo Antônio?
Paulo Henrique Ernica Adão, de 49 anos, pede dinheiro no semáforo, enquanto a cachorra Biany observa, na sombra
Ele já tentou alugar uma kitnet, mas a cadela não foi aceita. Então, ele preferiu permanecer na rua, mas sabe que as unidades de acolhimento da prefeitura aceitam receber os animais de estimação.
“Fiquei na rua por falta de condições de arrumar um lugar que aceite animal. Esses quartinhos que alugam não aceitam. Antes, eu morava de favor, fiquei três meses morando com amigos. Lá no abrigo, já falaram que aceitam ela [Biany], mas não gosto. Já estive no Cetremi, quando eu ainda não tinha a Biany. Prefiro não me misturar, independente de estar na mesma situação que os outros, eu procuro andar sozinho”, conta Paulo.
Acolhimento - O Seas (Serviço Especializado em Abordagem Social) faz o encaminhamento para as unidades de acolhimento. Quem vê pessoas em situação de rua pode ligar para os telefones (67) 9 8104-7529 e 9 8471-8149 e informar o endereço.