Laudo aponta como "gravíssimo" caso de maus-tratos em asilo de Campo Grande
Maioria dos abusos cometidos foram emocionais, de modo a desestabilizar os agredidos
Laudo feito por psicólogos do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul classificou como “gravíssimo” o caso de maus-tratos contra idosos em asilo de Campo Grande, a Casa do Aconchego, perpetrado pela antiga presidente da instituição, Suely Gomes dos Santos. Tanto os internos como funcionários e ex-funcionários do local foram entrevistados pelos especialistas.
Maioria dos abusos cometidos foram emocionais, de modo a desestabilizar os agredidos, sendo eles idosos ou mesmo funcionários, criando clima de assédio moral dentro da instituição, que foi presidida por ela entre janeiro e novembro do ano passado.
“No caso em questão, observou-se que a maioria das ações de violência cometidas pela Sra. Suely contra os idosos da casa, era de cunho psicológico, segundo os relatos dos próprios internos e dos funcionários, porém, com alguns atos isolados de maus-tratos físicos direcionados a alguns idosos”, citou análise dos psicólogos.
Em outro trecho, os três especialistas citaram que dos 24 idosos atendidos pela instituição, quatro eram os mais “perseguidos” por Suely e foram exatamente estes que “apresentaram comprometimentos emocionais e, em alguns casos, o agravamento do quadro clínico e comportamental, como resposta ao contexto de violência e maus-tratos.”
Os abusos eram frequentes e em um dos casos, uma das idosas pedia para morrer. “Funcionários relataram condição de tortura praticada pela Sra. Suely, que queria que a idosa fosse deixada sem casaco, em dias frios, e dormir fora do quarto, dentre outras crueldades narradas. Sra. (...), igualmente, pedia para morrer, pois não suportava mais humilhações e maus-tratos.”
Na conclusão do laudo, os psicólogos citam que os prejuízos emocionais também envolveram funcionários, que contaram que a casa e os idosos ficaram “mais tristes” depois que antiga presidente assumiu.
Além disso, relataram sofrer ameaças de demissão com o propósito de mantê-los calados, aceitando as imposições da dirigente e “temerosos de eventual desfecho e retaliação às suas carreiras, pois desconhecem as reais influências alardeadas pela Sra. Suely”, já que ela “gabava-se de conhecer políticos e empresários, portanto, tendo influência e poder, visando intimidação e passividade dos funcionários”.