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Capital

Lentidão de obra do Belas Artes divide o “feio” do “bonito”

Helton Verão | 14/05/2013 13:53
Fátima e filhos vão ao trabalho a pé e são obrigados a passar pela rua Plutão, lateral a construção quase que abandonada (Foto: Vanderlei Aparecido)
Fátima e filhos vão ao trabalho a pé e são obrigados a passar pela rua Plutão, lateral a construção quase que abandonada (Foto: Vanderlei Aparecido)

Há mais de 20 anos projetada, a obra onde hoje se pretende instalar o Centro Cultural de Belas Artes segue em ritmo lento. Ao redor, o matagal divide a paisagem “feia” da “bonita”, com a Orla Morena ao lado.

Atualmente, apenas seis operários trabalham na obra e seguranças particulares ficam no local na parte da noite. Mas o que preocupa é que, segundo funcionários da obra, a empresa que atua no local diz não ter responsabilidade pelo mato e sujeira nos arredores do Belas Artes.

“Eles (seguranças) falam direto que veem pessoas consumindo droga e ocupando aquela instalação abandonada no início da continuação da Orla Morena”, conta um dos operários.

Entre a população, o limite da caminhada e passeio na Orla Morena é a esquina com a rua Plutão (rua lateral do Belas Artes), a preocupação com a marginalidade dali para frente é unanimidade a todos.

“Todos os dias pedalo do Bom Jardim até a Orla, sempre terminando meu trajeto nesta esquina (rua Plutão), aqui começa a meia volta para retornar ao meu bairro. Esse local incentiva a criminalidade”, comenta o servidor público Sílvio Guimarães, que costuma pedalar com a filha pela região.

O servidor ainda questiona o número de projetos que já foram feitos para o local e nunca nenhum foi finalizado. “Tantos que já foram feitos por tantos governantes e o dinheiro foi jogado no ralo”, ressalta.

Outra moradora da região, Fátima Dias, de 54 anos, diz ter medo de passar próximo à construção. Ela trabalha até o início da madrugada em um restaurante e tem de voltar a pé pela rua Plutão. “Tenho muito medo, mas não tenho alternativa, quarta-feira passada meu filho foi assaltado aqui na parte bonita da Orla, certeza que os bandidos devem ter corrido para o matagal”, conta Fátima.

A cozinheira ainda lembra de outra ocasião, em que precisou atravessar da parte “bonita” para a parte “feia” com sua sobrinha. Um rapaz, sem calças, fazia gestos obscenos. “A nossa sorte foi que uma viatura da polícia passava pelo local. Gritamos e eles perseguiram o marginal”, lembra Fátima, que mora com os três filhos e todos têm de ir ao trabalho a pé.

Camisinhas usadas são encontradas em construção do início da fase 2 da Orla Morena (Foto: Vanderlei Aparecido)
Camisinhas usadas são encontradas em construção do início da fase 2 da Orla Morena (Foto: Vanderlei Aparecido)
Idalete e Rosellete não têm coragem de atravessar a rua próximo a construção (Foto: Vanderlei Aparecido)
Idalete e Rosellete não têm coragem de atravessar a rua próximo a construção (Foto: Vanderlei Aparecido)

As donas de casa, Idalete Vieira, de 44 anos e Rosellete Vasconcellos, de 48, moram no limite entre o feio e o bonito. Com a concretização das obras na Orla Morena, as moradoras sonhavam com a conclusão de qualquer coisa que fosse planejada ali.

“Sempre caminhamos na Orla, olhamos para um lado vemos uma coisa muito bonita, do outro a escuridão, abandono e o medo. Todo dia à noite é possível ver rodinhas e sentir um cheiro estranho de consumo de drogas”, conta Rosellete, moradora há 18 anos ali.

Segundo a dona de casa, sua residência já foi invadida duas vezes e o matagal é o local ideal para fuga dos marginais.

Nas últimas férias, os bandidos fizeram também uma visita nada agradável à Idalete. “Entraram na minha casa, levaram TV, videogame, notebook, fizeram um limpa. Não atravessamos a rua para aquele lado nunca”, revela a dona de casa.

Os operários da obra dizem não ter ideia do prazo de entrega da obra. O Campo Grande News entrou em contato com o engenheiro que seria o responsável por ela, mas ele argumenta que somente a Prefeitura Municipal pode falar de prazo.

A assessoria de imprensa da Prefeitura não respondeu nossa solicitação até fechamento desta matéria.

Em de mato em local público, a Prefeitura recomenda que os moradores entrem em contato com a ouvidoria para que seja solicitado o atendimento de funcionários da Seintrha. O telefone do órgão é o 3314-4639.

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