Lideranças indígenas pedem mais visibilidade aos povos originários de MS

Lideranças indígenas pediram mais visibilidade aos povos originários de Mato Grosso do Sul, nesta quarta-feira (9), durante audiência pública na Câmara Municipal de Campo Grande. Entre os pedidos estavam mais acesso à educação, saúde, moradia, valorização cultural e da língua materna. O tema da reunião foi Direitos Indígenas Urbanos e aconteceu devido ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado nesta quarta.

O vereador André Luís, presidente da Comissão Especial das Causas Indígenas da Casa, salientou a importância da reflexão nesta data, assim como a construção de políticas públicas que atendam às reais necessidades da população. “Façam a política e ocupem os espaços. É preciso um movimento de união das etnias para serem representados”.

O líder indígena Aguinaldo Terena, conselheiro do Conselho Municipal de Direitos e Defesa dos Povos Indígenas e Diretor Cultural da organização Fórum dos Caciques de Mato Grosso do Sul, cobrou que as políticas públicas não podem ficar só no papel, precisam ser efetivadas. “Nos falta moradia, educação e saúde dignas. A juventude tem que ter incentivo ao esporte, à valorização da cultura e da língua para não sermos dizimados”, disse.

Já Luciane Gallo, liderança guarani-kaiowá, falou sobre a luta na região sul do Estado e destacou que, muitas vezes, apenas os indígenas nas reservas são considerados, sem falar do indígena no contexto urbano.

“A invisibilidade dos guarani-kaiowá é muito presente e causa muita revolta. A Constituição Federal não está delimitada ao local de moradia, mas em todos os locais que ocupamos espaço.”

Ela também abordou a importância da educação respeitando a língua materna e da cultura, modo de ser, além de citar a necessidade de profissionais que compreendam o povo indígena.

O pedido por moradia também foi ressaltado por Luciana da Silva, vice-cacique da Aldeia Água Funda, localizada no Jardim Noroeste, em Campo Grande. “Em todas as oportunidades, vamos pedir apoio em relação à moradia, porque a partir daí teremos saúde e educação. Queremos moradia digna! Estamos há seis anos caminhando, mas queremos contar com a solidariedade de todos para sermos ouvidos”.

José Pacheco, presidente da Associação dos Trabalhadores Indígenas, falou da necessidade de gerar renda e emprego para a população indígena. “Precisamos melhorar a qualidade de vida qualificando o trabalhador”.

Censo - De acordo com o último censo do IBGE, (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), referente a 2022, o Estado tem 116.346 indígenas,18.439 são da Capital. O município é o oitavo maior aumento de população indígena no Brasil entre as cidades.

Durante a Audiência, Sylvia Assad, coordenadora do Censo 2022, salientou a importância desses dados para que sejam planejadas políticas públicas voltadas para atender toda a população. Ela também falou sobre inovações feitas na coleta dessas estatísticas Segundo ela, isso pode ter impactado no número de pessoas que se autodeclararam indígenas.

“Um exemplo é a uma pergunta complementar feita durante o questionário nos locais com agrupamentos dos povos originários. Porém, também há o impacto demográfico, de pessoas que se mudaram de outros municípios, principalmente vindos do interior do Estado.”

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