ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  22    CAMPO GRANDE 25º

Capital

"Maioria não denuncia por medo", diz defensoria sobre assédio sexual no ônibus

Campanha de conscientização foi realizada no terminal Morenão nesta quarta-feira

Karine Alencar | 16/03/2022 19:45
 "Maioria não denuncia por medo", diz defensoria sobre assédio sexual no ônibus
Ação da Defensoria Pública-MS no terminal Morenão. (Foto: Paulo Francis)

A cada três mulheres questionadas pela equipe de reportagem do Campo Grande News durante a campanha de conscientização da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul,  nesta quarta-feira (16), no terminal Morenão, duas já sofreram assédio sexual no transporte público, porém, maioria das vítimas tem medo de relatar o ocorrido.

 Segundo a psicóloga do Nudem (Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher), Keila de Oliveira, por vezes as vítimas chegam até a se sentirem culpadas, outrora, traumatizadas e não conseguem levar os casos adiante, o que acaba fortalecendo o crime.

"Elas tem medo, as vezes se sentem culpadas por causa da roupa que estão usando, uma calça justa ou uma blusa decotada. É importante identificar que não é só um aperto no ônibus, por muitas vezes é assédio. Dependendo do grau de violência que essa mulher já sofreu ela está sem maturidade emocional para relatar o abuso", explica.

Com cartilhas detalhadas e orientação verbal, a Defensoria junto a prefeitura municipal de Campo Grande e o Consórcio Guaicurus, abordaram dezenas de jovens, mulheres e até mesmo homens para reforçar a importância da notificação contra o assédio.

Em alto e bom som, a subsecretária municipal de Políticas para as Mulheres, Carla Stephanini, que esteve presente no ato, declarava o tema da campanha em tom acalorado "Importunação Sexual é Crime e deve ser punida, denuncie. Queremos conscientizar os homens e as mulheres para que ao perceberem essa conduta, peça ao motorista que pare o ônibus, tranque as portas e chame a polícia. Pode ligar para o 190 Polícia Militar ou 153 Patrulha Maria da Penha", orienta.

 "Hora que eu abordo e pergunto: atenção mulheres! Existe importunação no transporte coletivo? elas balançam a cabeça que sim. Algumas verbalizam outras não têm coragem", conta Carla.

Exemplo disso é a educadora Maria Teixeira de 50 anos, que já foi vítima duas vezes à caminho do trabalho e nunca teve coragem de acionar as autoridades. "Uma vez um homem estava atrás de mim passando os órgãos genitais na minha bunda, como sempre os ônibus estão lotados e não temos nenhuma segurança. Fui colocando minha bolsa de lado para ele se tocar e nada. Dei uma cutucada pra ele sair", afirma.

 "Outra vez eu estava sentada e um cara ficou vindo pra cima com os órgãos em direção ao meu rosto. Eu tive que ficar quieta porque não tinha muito o que eu pudesse fazer, todos no ônibus percebem mas não fazem nada. Não passou a mão em mim, mas se insinuou, faltou muito com respeito", relembra Maria.

De acordo com a Defensora Pública Thais Dominato, a pessoa deve ficar atenta e sempre e reunir provas contra o autor através de imagens feitas pelo telefone celular, e chamando alguém que tenha presenciado para ir até a delegacia como testemunha.

 Vale destacar ainda que, o usuário do transporte público tem todo direito de pedir ao motorista que faça parada na delegacia mais próxima ou tranque as portas e acione a polícia.

É a primeira vez que a organização realiza a campanha. As quartas-feiras seguintes, 23 e 30 de março, serão visitados os terminais Bandeirantes e General Osório, respectivamente, das 17h às 18h.

Nos siga no Google Notícias