Manifestantes vão para Afonso Pena contra STF e libertação de Lula
É o primeiro protesto após a decisão do STF, que derrubou a validade de execução provisória de condenações criminais
Dezenas de pessoas se aglomeram no fim da tarde deste sábado (9) no canteiro central da Avenida Afonso Pena, em frente ao prédio do MPF (Ministério Público Federal), em Campo Grande, em protesto contra a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que derrubou a validade de execução provisória de condenações criminais, conhecida como prisão após a segunda instância.
A decisão acabou beneficiando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado no caso do tríplex do Guarujá (SP), um dos processos da Operação Lava Jato. Mas a quantidade de gente na Afonso Pena desta vez é muito inferior a registrada em protestos que também tinham a esquerda como alvo.
Na Capital, os manifestantes vestiram a camisa amarela da seleção brasileira de futebol e também levaram bandeiras e cartazes, alguns com os dizeres “somos todos Moro”, em referência ao ex-juiz Sergio Moro, que condenou Lula em primeira instância, e que atualmente ocupa o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública, e “liberdade para estupradores não”.
Um trio elétrico foi levado para a avenida para discursos dos protestantes. O trânsito não foi paralisado, alguns motoristas entram na onda do protesto e dão apoio com buzinas, enquanto outros ignoram e apenas diminuem a velocidade para continuar o trajeto.
O deputado federal Luiz Ovando (PSL) participa do ato e diz que as pessoas estão defendendo a mudança na política, que teve início com a eleição do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). “Estão vigilantes em relação às decisões da Justiça”, diz. O parlamentar também criticou a decisão tomada pelos ministros da Corte. “Foi um julgamento político, e não técnico, para beneficiar o ex-presidente Lula”, completou.
Ovando afirmou ainda que os deputados e senadores podem reverter à situação aprovando a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) no Congresso que determina prisão após a segunda instância. “Pode circular rápido, tanto na Câmara, quanto no Senado, as duas podem andar paralelas. Esse é o caminho que vamos percorrer para tentar mudar a Constituição Federal pelo Congresso”, emendou.
Munir Campos, de 57 anos, afirma que o ato é de civilidade e importante para “as pessoas entenderem a gravidade do que foi definido pelo STF. A intenção desta decisão é um projeto de retomada de poder pela esquerda”, reclama. “Foi um resultado já esperado, os movimentos de rua já esperavam”, afirma.
Para o empresário Lucineldo Pinto Vidal, de 51 anos, a manifestação mostra nas ruas que a população não concordou com a decisão do Supremo. Diz ainda que a Corte “está acabando com o país”. Também entende que a decisão foi política e que os ministros queriam beneficiar o PT.
Durante a manifestação houve execução do hino nacional e gritos de guerra como “prisão de segunda instância já”. A expectativa é de que o protesto leve cerca de duas a três horas.