Maquinário chega para desocupar estacionamento
Local foi alvo de protesto de sem-teto e não tem documento para funcionar em terreno público
Após ser alvo de protesto, estacionamento irregular em área de ocupação, no Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande, foi fechado pela Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) na manhã desta quinta-feira (10). Uma retroescavadeira está no local para fazer a limpeza da área.
A GCM (Guarda Civil Metropolitana) também está na área para acompanhar a desocupação e fazer a segurança. Será feita uma escavação no terreno, para que os carros não voltem a estacionar. De acordo com o auditor fiscal da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) Roner Carlos, o ideal era cercar o local, mas não tem verba no momento.
Segundo o auditor, o responsável pelo estacionamento será notificado e há a possibilidade de ser aplicada multa, no entanto, não foi informado o valor para a reportagem. "Nesse caso, a gente notifica para retirar. Está sujeito a multa", resumiu.
Conforme apurado pela reportagem no local, os responsáveis pela administração de uma academia, localizada em uma galeria de comércios em frente ao terreno, limpou a área e transformou em estacionamento para facilitar o fluxo de clientes da região.
“O pessoal da academia que organizou o espaço, antes era tudo terra e mato, todo mundo aqui da região dos comércios usava o estacionamento, mas nunca foi cobrado nada dos clientes”, explicou uma supervisora operacional, de 25 anos, que trabalha na galeria e tem medo de se identificar.
Manifestações - Os moradores despejados de área invadida no Bairro Lagoa Park protestaram, na manhã de quarta-feira (9), em frente ao local, pedindo por igualdade de direitos. Na ocasião, os moradores pediram que o poder público desocupasse a área invadida, igual fizeram com o terreno do bairro periférico.
A líder do grupo de sem-teto, Leila Pantelão, de 35 anos, reclamou da desigualdade em relação à ocupação no Lagoa Park e no Chácara Cachoeira. "Aqui o nobre pode e a favela não pode, é muita injustiça. Vale mais um estacionamento, mais um carro para ele, do que uma moradia para o ser humano", disse à reportagem, durante a manifestação.
O terreno usado como estacionamento na área nobre não tem documentação para funcionar como estabelecimento comercial, segundo apurado com o secretário adjunto de Infraestrutura e Serviços Públicos, Enéas Netto.
Histórico - Desde o último domingo (6), 55 pessoas que viviam em moradias improvisadas na Rua Lagoa Santa, no Bairro Lagoa Park, dormem ao relento. A desocupação da área invadida foi a segunda feita pela GCM em menos de uma semana no local. A primeira ocorreu em 2 de agosto.
O terreno pertence à Prefeitura de Campo Grande. Em ambas as ações, os moradores alegaram que não foi apresentado mandado judicial e que os guardas agiram de forma truculenta, inclusive derrubando barracos de madeira.
A Prefeitura de Campo Grande foi questionada sobre a propriedade do terreno, mas não deu retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.
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