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Capital

Maquinário chega para desocupar estacionamento

Local foi alvo de protesto de sem-teto e não tem documento para funcionar em terreno público

Idaicy Solano e Bruna Marques | 10/08/2023 08:29

Após ser alvo de protesto, estacionamento irregular em área de ocupação, no Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande, foi fechado pela Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) na manhã desta quinta-feira (10). Uma retroescavadeira está no local para fazer a limpeza da área.

A GCM (Guarda Civil Metropolitana) também está na área para acompanhar a desocupação e fazer a segurança. Será feita uma escavação no terreno, para que os carros não voltem a estacionar. De acordo com o auditor fiscal da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) Roner Carlos, o ideal era cercar o local, mas não tem verba no momento.

Segundo o auditor, o responsável pelo estacionamento será notificado e há a possibilidade de ser aplicada multa, no entanto, não foi informado o valor para a reportagem. "Nesse caso, a gente notifica para retirar. Está sujeito a multa", resumiu.

Conforme apurado pela reportagem no local, os responsáveis pela administração de uma academia, localizada em uma galeria de comércios em frente ao terreno, limpou a área e transformou em estacionamento para facilitar o fluxo de clientes da região.

“O pessoal da academia que organizou o espaço, antes era tudo terra e mato, todo mundo aqui da região dos comércios usava o estacionamento, mas nunca foi cobrado nada dos clientes”, explicou uma supervisora operacional, de 25 anos, que trabalha na galeria e tem medo de se identificar.

Guardas estão no local para fazer a segurança da área durante desocupação. (Foto: Bruna Marques)
Guardas estão no local para fazer a segurança da área durante desocupação. (Foto: Bruna Marques)

Manifestações - Os moradores despejados de área invadida no Bairro Lagoa Park protestaram, na manhã de quarta-feira (9), em frente ao local, pedindo por igualdade de direitos. Na ocasião, os moradores pediram que o poder público desocupasse a área invadida, igual fizeram com o terreno do bairro periférico.

A líder do grupo de sem-teto, Leila Pantelão, de 35 anos, reclamou da desigualdade em relação à ocupação no Lagoa Park e no Chácara Cachoeira. "Aqui o nobre pode e a favela não pode, é muita injustiça. Vale mais um estacionamento, mais um carro para ele, do que uma moradia para o ser humano", disse à reportagem, durante a manifestação.

O terreno usado como estacionamento na área nobre não tem documentação para funcionar como estabelecimento comercial, segundo apurado com o secretário adjunto de Infraestrutura e Serviços Públicos, Enéas Netto.

Moradores despejados de terreno da prefeitura no Lagoa Park foram até o estacionamento protestar. (Foto: Marcos Maluf)
Moradores despejados de terreno da prefeitura no Lagoa Park foram até o estacionamento protestar. (Foto: Marcos Maluf)

Histórico - Desde o último domingo (6), 55 pessoas que viviam em moradias improvisadas na Rua Lagoa Santa, no Bairro Lagoa Park, dormem ao relento. A desocupação da área invadida foi a segunda feita pela GCM em menos de uma semana no local. A primeira ocorreu em 2 de agosto.

O terreno pertence à Prefeitura de Campo Grande. Em ambas as ações, os moradores alegaram que não foi apresentado mandado judicial e que os guardas agiram de forma truculenta, inclusive derrubando barracos de madeira.

A Prefeitura de Campo Grande foi questionada sobre a propriedade do terreno, mas não deu retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.

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