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Capital

Após despejo, sem-teto protestam contra "vistas grossas" à invasão em área nobre

Responsável por terreno no Bairro Chácara Cachoeira, onde protesto ocorre, disse possuir autorização

Cassia Modena, Idaicy Solano e Antonio Bispo | 09/08/2023 09:51
Responsável pelo estacionamento (boné preto) falando com moradores (Foto: Marcos Maluf)
Responsável pelo estacionamento (boné preto) falando com moradores (Foto: Marcos Maluf)

Revoltados por terem sido despejados de área ocupada no Bairro Lagoa Park, em Campo Grande, um grupo de moradores sem-teto protesta, nesta manhã (9), por não ter o mesmo tratamento que suposto invasor de terreno na área nobre da Capital. Pessoas que vivem atualmente em outras 10 áreas ocupadas prometem se juntar ao ato.

O terreno em questão fica no Bairro Chácara Cachoeira. É cercado pelas Ruas Elvira Coelho Machado, Anajás, São Vicente de Paulo e serve, atualmente, como estacionamento para clientes de estabelecimentos comerciais próximos à universidade Uniderp. É lá que o protesto acontece.

Conforme apurou o Campo Grande News junto aos manifestantes, o responsável pelo estacionamento esteve no local e, irritado, avisou que voltaria para retirá-los. Houve um bate-boca com as lideranças da ocupação do Lagoa Park, em que ele afirmou ter autorização para utilizar a área para fins comerciais, mas sem apresentar qualquer documentação.

Sem-teto levaram colchões para o estacionamento (Foto: Marcos Maluf)
Sem-teto levaram colchões para o estacionamento (Foto: Marcos Maluf)

A entregadora Leila Pantaleão é uma das líderes da área que estava ocupada no Lagoa Park. Ela reclama da desigualdade em relação à ocupação no Lagoa Park e no Chácara Cachoeira. "Aqui o nobre pode e a favela não pode, é muita injustiça. Vale mais um estacionamento, mais um carro para ele, do que uma moradia para o ser humano", afirma.

Outra líder, Adriane "Quilombola", conta o que leu sobre o terreno na imprensa. "Aqui é um terreno público que está ocupado desde março. Isso não foi oficializado. Ele [o terreno] vale R$ 10 milhões e o empresário que usa não teve o mesmo tratamento. Não teve fiscalização da prefeitura. Aqui não mandam a guarda municipal, não mandam nada. O povo vai lá e pega um pedacinho, daí, sim, mandam os guardas tirar", reclama.

Ao fundo, alguns dos estabelecimentos próximos ao estacionamento (Foto: Marcos Maluf)
Ao fundo, alguns dos estabelecimentos próximos ao estacionamento (Foto: Marcos Maluf)

O protesto continua. "A gente vai ficar aqui e não sabe o que vai acontecer. Falaram que querem tirar a gente daqui, mas vamos seguir protestando porque é direito nosso", pontuou Leila.

Confira a galeria de imagens:

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Terreno nobre - A reportagem esteve ontem (8) no terreno da Chácara Cachoeira e não encontrou pessoas cobrando pela permanência no estacionamento, mas confirmou a presença de diversos veículos no local, que possui até cercas dividindo o espaço entre as lojas, dando a entender que há destinação exclusiva para clientes de cada comércio.

Estacionamento cheio um dia antes do protesto (Foto: Arquivo/Paulo Francis)
Estacionamento cheio um dia antes do protesto (Foto: Arquivo/Paulo Francis)

A Prefeitura de Campo Grande foi questionada sobre a propriedade do terreno, mas não deu retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.

Dormindo ao relento - Desde o despejo feita pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) da Prefeitura de Campo Grande, no último domingo (6), cerca de 55 pessoas que viviam em moradias improvisadas na Rua Lagoa Santa, no Bairro Lagoa Park, dormem ao relento.

A desocupação foi a segunda em menos de uma semana no local, a primeira ocorreu em 2 de agosto. O terreno pertence à Prefeitura de Campo Grande.

Registro da desocupação, no último domingo (Foto: Arquivo/Paulo Francis)
Registro da desocupação, no último domingo (Foto: Arquivo/Paulo Francis)

Em ambas as ações, os moradores alegaram que não foi apresentado mandado judicial e que os guardas agiram de forma truculenta, inclusive derrubando barracos de madeira.

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