Marido confessa que matou com 14 facadas mulher que "amava muito"

Sete jurados – sendo cinco homens e duas mulheres – estão diante de duas teses para o assassinato de Cristiane Ferreira da Silva, morta aos 31 anos dentro de casa, no bairro Danúbio Azul, com 14 facadas em 2 de julho de 2014 pelo marido. No banco dos réus, Marcelo Roberto Dias Velasques, 34 anos, em depoimento de 20 minutos, disse ter agido sem premeditação e por forte emoção.
“Flagrei a pessoa que eu gostava, que eu amava se pegando com outra pessoa. Na própria casa que eu coloquei meu filho e os filhos dela. A mulher que eu realmente amava, emoção forte”, disse Marcelo, que está preso desde 3 de julho do ano passado, aos jurados durante julgamento na manhã desta quarta-feira, em Campo Grande. Segundo ele, a vítima lhe devia respeito.
Na acusação, o MPE (Ministério Público Estadual) pede que o réu seja condenado por crime triplamente qualificado. De acordo com o promotor Humberto Lapa Ferri, caso a tese seja aceita, a condenação deve superar 20 anos de prisão. Conforme a denúncia, o crime foi por motivo torpe, meio cruel e dissimulação para dificultar a defesa da vítima.
Consta que Marcelo foi à casa sinalizando querer diálogo e, inclusive, deu um beijo no rosto de Cristiane. Na versão da acusação, o acusado fechou a porta e atingiu a vítima, com 14 golpes de faca de açougueiro, as facadas foram no tórax, abdômen, bracos e costas. Antes do crime, a vítima conversava com um homem.
Testemunhas relataram que a mulher foi morta em frente a três filhos e que o crime já teria sido anunciado três meses antes, quando Marcelo foi preso por bater na esposa. Ele estava no regime semiaberto há poucos dias e voltou para cumprir a promessa.
No interrogatório, Marcelo disse que no dia 2 de julho estava disposto a agradá-la, comprado roupas para o filho e um anel para a mulher no período da tarde. Questionado quanto à ingestão de bebida alcoólica, ele disse que bebeu seis ou sete cervejas. Na versão dele, a surpresa se frustrou ao se deparar com traição.
Ele nega agressões a então esposa e diz que estava preso por conta de discussões. “Tinha muitas discussões, mas bater e espancar não”, afirma.
O acusado relata que pegou a faca no armário, mas que o homem conseguiu fugir. Sobre ter desferido 14 golpes na mulher, declarou ter ficado com muita raiva. “Nem eu sabia que poderia fazer isso”. Marcelo nega que o crime tenha sido testemunhados por crianças e também ter se aproximado da vítima com um beijo. Ela foi morta por volta de 23h.
Amedrontados – No plenário da 2ª Vara do Tribunal do Júri, que acomoda mais de cem pessoas, somente 15 acompanhavam o julgamento. Dentre elas, três pessoas com interesse especial: dois irmãos e o pai de Cristiane.
“O clima é de medo. Ele não sabe onde nós estamos. Nos sentimos mais seguros por conta disso”, diz uma irmã da vítima, que pediu para não ter o nome divulgado. Os cinco filhos de Cristiane, com idade de 12 anos a 1 ano e oito meses, estão com a família.
No dia do crime, Marcelo teria ameaçado matar o pai da vítima. Hoje, diante do juiz, ele negou a acusação. A Defensoria Pública representa Marcelo e o julgamento é presidido pelo juiz Aluízio Moreira dos Santos.