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Capital

Médico é punido por propaganda ilegal e expor pacientes de lipoaspiração

CFM manteve decisão do conselho de MS contra médico Junior Lima Bezerra

Por Silvia Frias | 30/09/2024 11:58
Médico é punido por propaganda ilegal e expor pacientes de lipoaspiração
Junior Lima Bezerra posta bioplastia de glúteos em paciente (Foto/Reprodução)

O CFM (Conselho Federal de Medicina) manteve punição ao médico Junior Lima Bezerra por propaganda ilegal e enganosa, concorrência desleal e exibir resultado de procedimentos estéticos em anúncios profissionais. Nas redes sociais, há várias imagens em que mostra o antes e depois de pacientes que se submeteram a mini lipo e bioplastia de glúteos.

A publicação desta segunda-feira no Diário Oficial da União refere-se à decisão da Câmara Especial nº 04 do Tribunal Superior de Ética Médica do CFM, que negou provimento ao recurso impetrado por Junior Bezerra.

Por unanimidade, confirmaram a decisão do CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de MS), que havia aplicado a sanção de censura pública, por infrações previstas no Código de Ética Médica.

Médico é punido por propaganda ilegal e expor pacientes de lipoaspiração
No registro no CFM, não consta se o médico tem alguma especialidade (Foto/Reprodução/CFM)

Conforme publicação, Junior Lima Bezerra infringiu o artigo 18 (Desobedecer aos acórdãos e às resoluções dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina ou desrespeitá-los), combinado com artigo 11, inciso I (É vedado ao médico, naquilo que couber, às pessoas jurídicas, entes sindicais e associativos de natureza médica: divulgar, quando não especialista, que trata de sistemas orgânicos, órgãos ou doenças específicas, por induzir à confusão com a divulgação de especialidades).

Bezerra infringiu, ainda, o artigo 51 (Praticar concorrência desleal com outro médico); artigo 75 (Fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou seus retratos em anúncios profissionais ou na divulgação de assuntos médicos, em meios de comunicação em geral mesmo com autorização do paciente) e artigo 14 (Anunciar títulos científicos que não possa comprovar e especialidade ou área de atuação para a qual não esteja qualificado e registrado no Conselho Regional de Medicina).

A reportagem consultou especialista jurídico sobre o artigo 11, que cita divulgar quem trata de sistemas orgânicos quando não é especializado, e a informação é que pode ser resumido como “propaganda ilegal e enganosa".

Médico é punido por propaganda ilegal e expor pacientes de lipoaspiração
Propaganda usada nas redes sociais, considerada irregular pelo conselho (Foto/Reprodução)

A publicação do Diário Oficial não detalha de quando são e quais são os casos específicos tratados nas infrações.

Nas redes sociais, o profissional se apresenta como médico formador de identidade física, emagrecimento e hipertrofia. Na lista de procedimentos estão a mini lipo, também conhecida como hidrolipo, sendo minimamente invasivo para remoção de pequenas quantidades de gordura; a bioplastia de glúteo, que aumenta o volume e/ou define contorno das nádegas e o uso de PMMA, substância plástica usada indicada como preenchedor para corrigir pequenas deformidades.

Conforme dados dos sites do CRM e do CRF, Junior Lima Bezerra tem registro ativo em MS, em situação regular. Na descrição de especialidades/atuação a informação é de “médico sem especialidade registrada”.

Também nas redes sociais, há várias publicações mostrando os procedimentos feitos por ele, com foto das pacientes, um dos artigos citados na punição contra o médico.

Histórico - Em Mato Grosso do Sul, a reportagem encontrou nos registros do Judiciário uma ação indenizatória com obrigação de fazer, protocolada no dia 20 de maio de 2024, contra o médico. No documento, a paciente pede o cumprimento de decisão liminar expedida no dia 22 de abril de 2024, pelo juiz Juliano Rodrigues Valentim, da 3ª Vara Cível Residual.

Médico é punido por propaganda ilegal e expor pacientes de lipoaspiração
Propaganda usada nas redes sociais pelo método aplicado pelo profissional (Foto/Reprodução)

Nesse pedido de cumprimento, constam trechos da ação principal, que tramita em segredo de justiça. A mulher relata que se submeteu a lipoaspiração no dia 23 de novembro de 2023, o que veio a lhe causar “grave lesão aberta e necrosada”, que não melhorou com as orientações posteriores dadas pelo médico e pela clínica onde ela fez o procedimento.

A partir de 5 de abril de 2024 resolveu tratar a lesão com médico especialista, sendo que foi cobrado inicialmente o valor de R$ 3.936, acima das condições financeiras dela. Em caráter liminar, o juiz determinou que o médico e a clínica fizessem o depósito em juízo de R$ 4,448 mil para arcar com as despesas da vítima, sob pena de multa diária de R$ 1 mil.

Em maio, o juiz avaliou que a alegação de descumprimento da ordem de pagamento ainda não foi analisada na ação principal, cancelando a distribuição da ação secundária. Por estar em segredo de justiça, a reportagem não teve acesso ao desfecho do processo.

O Campo Grande News entrou em contato com o médico pelos contatos fornecidos nas redes sociais, mas não obteve retorno.

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