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Capital

Médicos pedem 'socorro' à saúde, mas deixam cidadão sem atendimento

Paulo Nonato de Souza e Lucas Junot | 28/06/2017 15:25
Outdoor da campanha do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul na disputa com a prefeitura por reajuste salarial (Foto: Marcos Ermínio)
Outdoor da campanha do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul na disputa com a prefeitura por reajuste salarial (Foto: Marcos Ermínio)

Como na história do marisco, o mar e o rochedo, na falta de entendimento entre a Prefeitura de Campo Grande e os médicos da rede pública de saúde, em greve por reajuste salarial, quem sofre é a população.

Enquanto o Sinmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), culpa a prefeitura pela greve da categoria e lentidão no atendimento, como destaca em outdoors espalhados pela cidade, os pacientes são penalizados nas unidades de Pronto Atendimento, onde o tempo de espera chega a quase cinco horas. Na UPA Vila Almeida, por exemplo, há filas de pessoas que aguardam por atendimento desde as 10 horas desta quarta-feira, 28.

De acordo com a gerencia da UPA Vila Almeida, seis pediatras e seis da área de clínica geral estão de prontidão, mas, no entanto, alguns pacientes relataram ao Campo Grande News que entre um atendimento e outro a espera chega a 30 minutos. “Atendem, fecham a porta e esperam meia hora até chamar outro paciente”, disse Letícia Trindade, auxiliar odontológica, de 31 anos.

Ela contou que procurou a unidade de saúde com a filha de dois meses em dificuldade respiratória. “Estou aqui desde às 10 horas da manhã, já passa de 2h da tarde e até agora apenas passamos pela triagem”, disse Letícia Trindade.

A manicure Edna Pereira, de 59 anos, tinha uma história parecida. Relatou ao Campo Grande News que esperou cinco horas por atendimento na UPA Coronel Antonino. “Cansei de esperar e acabei desistindo. Pensei que na UPA Vila Almeida seria atendido, mas estou aguardando pelo médico desde às 10 horas da manhã”, contou.

Também na UPA Vila Almeida, José Alves, de 51 anos, disse que não imaginava ter que esperar tanto pelo atendimento ao filho de 9 anos com uma fratura na mão. “Chegamos aqui às 10h30 e até agora não atenderam meu filho”, comentou.

Na recepção da unidade, assim que as pessoas chegam, as atendentes, em voz alta, dão o aviso de que o atendimento está lento em função da greve. Mesmo assim os pacientes se acumulam nos corredores.

Reunião nesta quinta-feira - O prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), anunciou para amanhã, 29, uma nova rodada de negociação com lideranças do Sinmed para tentar acabar com a greve. Será o terceiro encontro entre as partes em uma discussão que já se arrasta por dois meses.

Nesta quarta-feira, 28, o prefeito disse que a categoria pede aumento de 27,5% direto no salário, e que a prefeitura não tem condições de arcar, mas evitou falar se amanhã apresentará uma proposta aos médicos.

Segundo o prefeito, dois pontos importantes estão dificultando o acordo entre as partes. “Primeiro, um reajuste de 27,5% ultrapassaria o limite da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) sobre o pagamento de funcionários públicos, e segundo porque a prefeitura não tem condição. Além disso, temos que pensar também nas demais categorias”, frisou Marquinhos Trad.

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