Menino de três anos morre à espera por vaga em CTI da Santa Casa
Um menino de três anos de idade morreu, por volta das 4h de hoje (14), esperando vaga no CTI (Centro de Terapia Intensivo) da Santa Casa de Campo Grande. É a segunda morte nesta semana de um paciente a espera por vaga na emergência na rede pública da Capital. No domingo, uma jovem de 24 anos morreu no Hospital Universitário após ficar por 48 horas em uma “UTI improvisada” na UPA (Unidade de Pronto Atendimento).
A morte trágica de João Guilherme Teixeira Menezes, 3 anos, ocorreu após a família comemorar o fato do menino ter ficado um ano longe do hospital. Cardiopata, a criança passou mal na segunda-feira, quando foi encaminhada à Santa Casa da Capital.
Apesar de ser conveniado da Unimed, ele deu entrada na emergência pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O tio, o economista Celso Fabrício Corrêa Souza, 38, contou que ele recebeu uma fita verde no braço, o que indica que o caso não era tão grave.
A família revolta-se porque o menino tinha problema em uma válvula do coração e deveria ser tratado na ala vermelha (emergência médica). Outra crítica, ele só foi atendido por médicos plantonistas e não pelo médico responsável pelo seu caso.
Nos últimos dias, enquanto esperava por uma vaga no CTI, o menino foi transferido para uma enfermaria de cuidados intensivos. Segundo relato da mãe, feito ao tio, uma enfermeira fez o furo no pescoço do menino, que passou a ter uma forte hemorragia.
Como a criança utiliza medicamento para o sangue não coagular, houve uma dificuldade da equipe hospitalar estancar o sangue. Celso diz que o furo foi maior do que o feito no pescoço da avó do menino. Na idosa, o serviço teria sido feito por um médico especializado, enquanto na criança foi realizado por uma enfermeira.
O menino passou a ficar mais fraco e ficar roxo após o furo, segundo relato feito pela mãe aos familiares. Em seguida, por volta da 1h da madrugada de hoje, a criança foi retirada do quarto. Por volta das 4h, a família foi informada da sua morte.
A dor da família é maior porque o menino, mesmo sendo cardiopata, já tinha sobrevivido a três cirurgias e chegou a ficar internado no CTI por seis meses. Há aproximadamente um ano, segundo o tio, ele não ficava internado em um hospital, o que vinha sendo considerado um bom sinal para os pais.
No atestado de óbito de João Guilherme, o médico apontou pneumonia bacteriana sem causa definida como causa da morte. O médico plantonista do hospital se recusou assinar o atestado, que foi feito pelo médico legista.
O menino será velado a partir das 17h30 de hoje no Parque das Primaveras.
Outro caso - Esta é a segunda morte de paciente que aguarda vaga em CTI na Capital. No domingo, Camila Delmondes Flores, 24, morreu no Hospital Universitário. Mãe de duas crianças, ela passou mal e ficou em um “CTI improvisado” na UPA da Vila Almeida por 48 horas até ser transferida para o HU.
Ontem, o prefeito da Capital, Gilmar Olarte (PP), destacou que o poder público vem realizando todos os esforços para salvar vidas.
A Santa Casa informou que o menino ficou em uma enfermeiro de cuidados intensivos. Ele recebeu todos os atendimentos necessários. Sobre a falta de vaga no CTI, o hospital ficou de se manifestar.