Mercadão segue aberto, com apreensão e queda de 40% nas vendas
O tradicional centro de compras criou plano de ação, que inclui instalação de dispositivo com álcool em gel e dicas de prevenção

O Mercadão Municipal Antônio Valente segue de portas abertas em Campo Grande, mas sente o impacto da chegada do novo coronavírus (Covid-19) no faturamento, com queda de 40%, e num sentimento que não se mede por número: a apreensão.
A direção informou hoje, por meio da assessoria de imprensa, que foi criado um plano de ação, que inclui instalação de dispositivo com álcool em gel nos corredores, faixas com dicas de prevenção, pedido para evitar aglomeração e aviso que o prédio tem boa circulação de ar.
Os comerciantes, que acusam a redução de 40%, se mostram preocupados. “Faz 30 anos que trabalho aqui e nunca tinha acontecido um episódio que influenciasse tanto as vendas. Agora de manhã, era para estar mais lotado. Mas desde segunda-feira vem diminuindo o movimento”, afirma Marcelo Kindshita, 42 anos, dono de quatro bancas de verduras.

Ele conta que a administração colocou álcool em gel e aumentou o número de ventiladores. “Mas avalio que não vai influenciar muito. Tem que pegar a verdura para ver se está boa. Aumenta o contato”, diz Marcelo.
Da banca de utilidades, por onde se espalham colheres de pau, panela de barro, chapéu de palha, vem o relato de Nornato Teixeira, 54 anos.
“As bancas são muito perto uma das outras, não tem como se afastarem. Outro problema é o banheiro, que deveria ser limpo mais vezes por dia. Às vezes não tem sabão, às vezes está sujo”, conta.
A rotina de trabalho é de 12 horas por dia, sem intervalo para almoço. “Se está almoçando, paro e atendo o cliente. Nesse intervalo não dá tempo de lavar a mão ou passar álcool em gel”, diz.
A pergunta se vale à pena ficar aberto é destacada por Gilmar Leite, 47 anos dono de uma banca que vende farelo e farinha. “Conversei com outros comerciantes. Não sei nem o que fazer, não tem como reagir. É a primeira vez que sinto impacto tão repentino nas vendas”.
Numa banca de açougue, o funcionário conta que a recomendação é usar álcool em gel e que as vendas reduziram em 30%. O Mercadão tem 61 anos e fica localizado no Centro de Campo Grande.