Moradores de favela serão transferidos para terrenos em três bairros
As famílias que vivem na favela Cidade de Deus, próxima ao lixão de Campo Grande, serão transferidas para três áreas nos bairros Vespasiano Martins, Los Angeles e Dom Antônio Barbosa. Os locais são mantidos em sigilo pela Prefeitura, mas os próprios moradores disseram que já foram informados sobre a localização.
Mais de 275 guardas municipais e servidores da SAS (Secretária de Assistência Social), Emha (Agência municipal de Habitação) e Seintrha (Secretária Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação), atuam na desocupação do terreno, que fica próximo ao lixão.
A previsão inicial é e que o trabalho de remoção aconteça durante aproximadamente três dias, e por isso foi montado um acampamento – onde os Guardas Municipais vão permanecer até que todos os moradores deixem a área.
Inicialmente foi informado que 450 famílias seriam removidas, mas com o início da operação no local o número caiu para 390. As famílias que não estiverem cadastradas para remoção devem sair da favela, pois não será mais permitida a construção de barracos no local.
Para a transferência foi feita a divisão dos barracos por cores – azul vermelho e amarelo – que representa uma das novas áreas. Os moradores estão apreensivos com a mudanças e dizem não terem sido avisados sobre a desocupação.
A aposentada Terezinha de Araújo, 70 anos, tem um barraco na Rua 24 e afirma não ter sido informada sobre a remoção. “Ninguém falou nada pra gente, nem pra onde vai nem que seria retirado. Hoje comecei a ver a movimentação e perguntei, aí disseram. Já arrumei minha mudança, mas estou preocupada para onde vou, se é barraco ou casa, porque eu não sei”.
“Minhas coisas estão arrumadas, mas não sei se vou chegar lá e ter que por no relento, se vai ser casa ou terreno”, disse outra moradora, Laura Lopes, 53 anos, vive na favela com dois netos de 6 e 4 anos.
Enquanto a apreensão e a incerteza tomam conta dos moradores, a esperança também faz parte da espera. “Acho que hoje vou realizar o maior sonho da minha vida, que é ter uma casa ou terreno próprio. Tem três anos que moro aqui, a espera foi grande. A única esperança da gente que mora na favela é ganhar uma casa”, disse o catador Francisco Genilson, 47 anos.
A missionária do Instituto Filhos da Misericórdia – uma ONG que funciona na favela –, Delair Urias, acompanha toda a movimentação no local e está preocupada com a situação. “A gente não é contra a remoção. Eu só quero saber para onde eles vão levar estas pessoas, sem tem banheiro e o mínimo de estrutura possível. Porque não podem chegar aqui falar em remoção, sem oferecer o básico”.
O mandado de reintegração de posse da área onde está a favela foi autorizado, inclusive com uso de reforço policial, arrombamento dos imóveis e demolição das benfeitorias, pelo juiz da 2ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos de Campo Grande, Ricardo Cesar Carvalheiro Galbiati. A ação tramita desde janeiro de 2013 e na sexta-feira (4) foi autorizada a desocupação do terreno.