Moradores vivem incertezas sobre desapropriação no Jardim Itamaracá
Rua Salomão Abdala consta no projeto de acesso às Moreninhas; Governo vai auxiliar nas indenizações

A informação de uma possível desapropriação de imóveis na Rua Salomão Abdala, no bairro Jardim Itamaracá, em Campo Grande, para passagem de uma avenida, tem deixado moradores preocupados diante da possibilidade de terem que deixar suas casas, mas ainda sem saber para onde vão ou como se dará a remoção.
Ao Campo Grande News, a dona de casa Sebastiana Velasques, de 53 anos, contou que houve uma reunião entre alguns moradores com representantes da prefeitura para falar sobre a abertura da avenida. Para eles, foi informado que será necessário avançar cerca de 18 metros nos terrenos das casas do lado esquerdo, mas que nem todos vão precisar sair, porque alguns lotes são grandes e podem perder área sem que seja preciso demolir a moradia.
A rua, que hoje não tem pavimento no trecho a partir da Avenida Guaicurus e em época de chuva fica especialmente esburacada, está no projeto de criação de uma nova rota de acesso às Moreninhas. Na outra ponta, na região do conjunto , as obras já estão em ritmo acelerado. A ideia é abrir uma nova opção de trânsito para encurtar o acesso e desafogar a Avenida Gury Marques.
“Ainda não me chamaram, mas se for para o bem de Campo Grande, se for para o bem e dando outra [casa], eu acho que não seria um problema pra mim, porque você estando com a sua família, em qualquer lugar está bom”, disse.
Para Edna, outra dona de casa e que também está aguardando por respostas por parte da prefeitura, a chegada do asfalto, apesar de ameaçar tirar muitos de casa, será benéfico para quem vive na região e que busca por ruas com qualidade há muito tempo.
“Se eu precisar sair, não seria muito tranquilo, não. Sair daqui do bairro não, por causa do trabalho”, contou. Ela relatou, ainda, que a família até parou uma obra que havia iniciado no terreno, por conta dos rumores da possível desapropriação.
Para quem mora na rua há 10 anos, o medo de sair do local não existe, desde que haja transparência por parte da administração pública, em realocar os moradores em um lugar melhor, ou que a indenização valha a pena. É o que conta o trabalhador de recicláveis, Francisco de Jesus da Silva, de 42 anos.
“Se a gente brigar é pior, pra mim não vai valer. Dando uma casinha ou terreno para construir já serve. Não quero é ir para aluguel, porque com o salário que a gente recebe não dá para pagar”, afirmou.
Ao ser questionado, o Governo do Estado afirmou que as obras previstas para o novo acesso do bairro das Moreninhas serão executadas pelo Estado, em parceria com a Prefeitura de Campo Grande, por meio da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul).
“Em acordo recente, segundo o secretário Hélio Peluffo, da Seilog (Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística), o Estado se comprometeu em firmar convênio com o município para repassar os recursos que vão subsidiar as desapropriações necessárias para as obras seguirem avançando”, disse em nota.
A Prefeitura de Campo Grande alegou que a desapropriação é uma hipótese ainda em estudo. “Na hipótese de desapropriação, a Constituição Federal e legislação vigente possuem seus requisitos e procedimentos expressos que serão observados pelo Município. Não há um prazo definido ainda, pois a obra encontra-se em fase avançada de estudos para apuração do traçado da obra e estimativa de valores para sua implantação, de modo que os moradores serão informados oportunamente”, escreveu. Entretanto, no início do ano, foi publicado decreto incluindo 52 imóveis para desapropriação.
Obra em fase final – Dentro do projeto de criação da nova rota, a obra realizada pelo Governo do Estado na Avenida dos Cafezais, e que busca desafogar o trânsito na região, está com 81,96% dos trabalhos concluídos. O valor investido é de R$ 11,1 milhões.
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