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Capital

Morre dentista vítima de homofobia na fila da vacina

Gustavo sofreu homofobia por mulher que recusou vacina por conta da orientação sexual dele

Thailla Torres | 14/10/2021 08:15
Tânia, mãe de Gustavo, ao lado dele em dia de vacina. À época, ela desabafou: "Não podemos deixar o crime permanecer". (Foto: Reprodução Facebook)
Tânia, mãe de Gustavo, ao lado dele em dia de vacina. À época, ela desabafou: "Não podemos deixar o crime permanecer". (Foto: Reprodução Facebook)

O cirurgião dentista Gustavo Lima, de 27 anos, vítima de homofobia que comoveu o País no mês de agosto, foi encontrado morto na madrugada desta quinta-feira (14). Gustavo, que lutava contra a depressão há anos, foi encontrado pelo irmão Adriano Lima, 34, na casa em que vivia com os pais, no Bairro Rita Vieira.

“Perdi a minha vida, perdi tudo o que eu tinha, se alguém tivesse a oportunidade de ter um irmão como ele, eu queria que todo mundo tivesse um pouco do Gustavo”, declarou o irmão ao Campo Grande News.

A mãe, muito abalada, não conseguiu falar com a reportagem. Foi ela quem deu força ao filho para denunciar a homofobia na fila da vacina, em Campo Grande.

Gustavo era residente da UBS do Coophavilla II e voluntário dos pontos de vacinação contra a covid-19 em Campo Grande. No dia 21 de agosto, no drive do Albano Franco, uma mulher recusou o atendimento dele, alegando que a filha adolescente não seria vacinada "por esse tipo de gente: um viado".

O caso virou manchete, foi discutido pela Câmara Municipal, Assembleia Legislativa e acabou repercutindo pelo Brasil.

“Aquilo deu uma reviravolta maior na vida dele, começou a tomar mais remédios, se sentiu muito triste. Mas ele sempre foi alguém que batalhou muito na vida, que lutou por muita gente. Por isso, ele voltou a trabalhar, voltou a vacinar, voltou a estudar e buscou forças para seguir em frente”, descreve Adriano.

Amigos e irmão lembram de Gustavo sorrindo. (Foto: Reprodução redes sociais)
Amigos e irmão lembram de Gustavo sorrindo. (Foto: Reprodução redes sociais)

Hoje, nas redes sociais, amigos e familiares lamentam a morte do profissional da saúde que, mesmo em meio aos desafios e ao crime de homofobia cometido contra ele, não abandonou a profissão

Adriano diz que a família também prestou todo apoio necessário a Gustavo, mas não houve tempo de reverter a depressão. “Infelizmente, ele não resistiu”, diz. “O que fica é o melhor irmão, um grande amigo, um grande profissional e um orgulho para a família”, concluiu o irmão.

Gustavo era formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Em Campo Grande, o Grupo Amor Vida (GAV) presta um serviço gratuito de apoio emocional a pessoas em crise através dos telefones (67) 3383-4112, (67) 99266-6560 (Claro) e (67) 99644-4141 (Vivo), todos sem identificador de chamadas. Ligue sempre que precisar!

Horário de funcionamento das 07:00 às 23:00, inclusive, sábados, domingos e feriados. Informações também pelo site (clique aqui).

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