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Capital

Morte por suicídio alerta: mais do que nunca, precisamos falar de prevenção

Aos 27 anos o hospede de um hotel se jogou do nono andar. Do outro lado da cidade o militar tirou a própria com um tiro na cabeça

Geisy Garnes | 17/11/2018 12:30
Movimentação da polícia no local em que o corpo do militar foi encontrado (Foto: Kísie Ainoã )
Movimentação da polícia no local em que o corpo do militar foi encontrado (Foto: Kísie Ainoã )

Aos 65 anos ele tirou a própria vida. Um tiro acabou com a dor silenciosa, até o momento desconhecida pela família. A explicação veio em forma de uma carta, deixada por ele próximo ao local escolhido para morrer. Em meio à dor, o segundo caso em menos de 12 horas em Campo Grande lembra que essa é a época do ano em que, ao contrário do que se pensava antes, é necessário e falar de suicídio, justamente por ser quando eles mais ocorrem.

O caso da manhã deste sábado (17) aconteceu em uma casa do Guanandi II. Foi a ex-mulher quem encontrou o corpo do militar de exército aposentado. O Corpo de Bombeiros foi chamado, mas o idoso já estava sem vida. Com um tiro de revólver calibre 38 na cabeça ele se foi, deixando duas filhas.

Enquanto aguardava a perícia, a mulher contou que estava separada do militar há 15 anos, mas viviam uma relação amigável. “Era para ter vindo aqui ontem, ele pediu para buscar uns documentos porque iria viajar hoje, mas não consegui vir”, contou a mulher que nessa manhã foi a casa do ex com os dois netos, e estranhou não ser recebida pelo morador.

Ainda sem entender o que realmente aconteceu, a mulher falou que o ex-marido não tinha sinais de depressão, que nunca havia falado nada, mas tinha anunciado que iria embora de Campo Grande - primeiro com destino a Brasília e depois de volta para a terra da família, Minas Gerais.

Na noite de ontem, Eduardo Diego, de 27 anos, se jogou do nono andar do Hotel Deville Prime, da Avenida Mato Grosso. Ele veio de Pernambuco para reatar o relacionamento com uma ex-namorada, mas não a encontrou na cidade. De volta ao quarto em que estava hospedado se jogou, caiu em uma cobertura do hall de entrada do hotel, foi socorrido e permanece internado.

Para os especialistas, o problema começa a ser resolvido com o rompimento do silêncio. “Temos de quebrar esse “Tabu do Suicídio”, temos que descontruir essa história de que não se pode falar do assunto. Uma dor compartilhada dói menos”, pontuou o professor Edilson dos Reis, coordenador do curso de prevenção ao suicídio na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso Sul), em entrevista ao Campo Grande News em junho.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), suicídio é a segunda maior causa das mortes entre os 10 e 19 anos. Em épocas festivas, principalmente próximo ao Natal e Ano Novo, os casos se intensificam. Em 2017, por exemplo, o Corpo de Bombeiros de Campo Grande atendeu 925 tentativas de suicídio.

Ainda conforme o OMS, o Brasil se encaixa no 8º lugar no ranking, mas ainda assim cerca de 100 mil leitos psiquiátricos estão fechados. Em Campo Grande, o setor de psiquiatria da Santa Casa, que era um grande local de acolhimento de pessoas que precisam de acompanhamento médico e de internação, não existe mais. Para Reis, a Capital precisa criar espaços de “circulação de palavras”.

Enquanto o espaço não é criado, as vítimas de depressão e demais sofrimentos psicológicos podem buscar ajuda em escolas-clínicas de psicologia, Caps e pelos telefones 141 e 188 CVV (Centro de Valorização da Vida), 190 da PM e 193 dos Bombeiros, que ajudam pacientes a romper o silêncio.

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