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Capital

Mortes provam que dirigir quadriciclo exige mais do que só vontade de aventura

Em cinco dias, Mato Grosso do Sul registrou duas mortes em acidentes envolvendo veículos de quatro rodas

Geisy Garnes | 21/09/2021 14:07
Ramão caiu de ponte e foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros. (Foto: O Pantaneiro)
Ramão caiu de ponte e foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros. (Foto: O Pantaneiro)

As mortes de Ramão Heitor Cristaldo, de 64 anos, e Eugênio Visinheski, de 68 anos, em menos de uma semana, despertou atenção às regras, ou a necessidades delas, na hora de pilotar um triciclo ou quadriciclo. Por mais que não exija Habilitação, dirigir o veículo pede cuidado, baixa velocidade e técnica.

Em cinco dias, Mato Grosso do Sul registrou duas mortes em acidentes envolvendo veículos de quatro rodas. Na quinta-feira (16), Ramão Heitor Cristaldo, de 64 anos, se desequilibrou ao passar por uma tábula solta, perdeu o controle do quadriciclo que conduzia e caiu de ponte na região de Piraputanga, em Aquidauana.

Ele foi socorrido em estado grave e com muitas fraturas, precisou ser transferido para Campo Grande, mas no caminho, acabou sofrendo uma parada cardíaca.

Ontem (20), Eugênio Visinheski, de 68 anos, morreu ao ser arremessado contra uma árvore, depois que o veículo dirigido pela esposa dele, capotou. O casal de Joinville, Santa Catarina, aproveitava o dia em passeio turístico de Bodoquena e se uniram a um grupo de turistas para fazer trilha de quadriciclo.

Eles participaram de treinamento, composto por aula teórica e prática em uma pista na propriedade e saíram pelo caminho de terra. Segundo o relato do instrutor do passeio, nos primeiro 400 metros, tudo transcorria normalmente, mas de repente, a esposa da vítima, que conduzia o quadriciclo do casal, perdeu o controle da direção e de forma involuntária, acelerou.

Eugênio estava no banco do carona e gritou para que ela diminuísse a velocidade. Os avisos, no entanto, deixaram a motorista mais nervosa. Ela foi em direção a outro quadriciclo e para evitar a colisão, virou o guidão. O movimento abrupto fez com que o veículo capotasse até bater em uma árvore. O idoso foi socorrido, mas não resistiu.

Pelo Código de Trânsito Brasileiro, motoristas de triciclos e quadriciclos especiais, aqueles usados por pessoas com deficiência, precisam portar Carteira de Habilitação do tipo A, já exigida para motociclistas. Essa alteração na legislação brasileira aconteceu em 2012 e não se enquadra aos quadriciclos usados para lazer.

Apesar da não exigência de habilitação, para dirigir um triciclo ou quadriciclo é necessário cuidados. É o que explica Jopson Rodrigo Barbosa, de 49 anos, proprietário da Hoyasu Moto Quadriciclo UTV. “É uma máquina que não pode ser usada em asfalto, é feita para terrenos de uso extremo”, explicou.

Segundo Jopson, ao contrário do que parece, o veículo de duas rodas tem pouca estabilidade e, por isso, deve ser conduzido em baixa velocidade. “O estreitamento entre os eixos é menor no quadriciclo, por isso, é mais instável. Para conduzir, exige um pouco de técnica. Por causa da pouca estabilidade, se você estiver em alta velocidade e fizer uma curva, capota mesmo”.

“Muitos acidentes acontecem por imperícia, o condutor acredita que tem estabilidade. Por isso, a orientação é começar devagar, dominar a máquina”, reforçou. Já o triciclo, explica, é mais “estável”. Ao contrário do veículo de quatro rodas, é feito para ser usado no asfalto e é até por isso, que exige de permissão para dirigir.

Conforme apurado pela reportagem, essa regulamentação é feita pelo Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul).

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