Movimentos sociais protestam no Incra por retomada da reforma agrária
A Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de MS) espera reunir 700 pessoas nesta terça-feira (13) na frente da sede do Incra (Instituto de Colonização e Reforma Agrária), no centro de Campo Grande, para protestar por avanços na reforma agrária.
"A situação está muito difícil, e a permanência na área rural está insustentável", diz Valdenir Nobre de Oliveira, presidente da Fetagri. Segundo ele, são mais de 21 mil famílias sem-terra no estado que estão acampadas aguardando a distribuição de lotes para a agricultura familiar.
A realização de novos cadastros para a reforma agrária está paralisada no Mato Grosso do Sul desde julho, quando o TCU (Tribunal de Contas da União) verificou 38 mil irregularidades nos assentamentos já concluídos.
"Mais de 80% dos lotes que já tinham sido distribuídos estão bloqueados e as famílias ficaram irregulares", aponta Valdenir. "As alegações são, por exemplo, que o dono do lote atingiu limite de idade, mas são pessoas que completaram 60 anos lá dentro", justifica.
"Ou dizem que temos bens, como caminhões e tratores, que na verdade não temos", relata. Além de legalizar novamente as famílias que já estão assentadas, a pauta da manifestação envolve também a retomada das vistorias do Incra em áreas indicadas para novos assentamentos.
Participam da manifestação famílias sem-terra de todo o estado, movimentos sociais e sindicatos ligados ao trabalho na produção agrícola. "Faremos o ato público para pedir às autoridades que sentem conosco para discutir e desenvolver a agricultura familiar, e ficaremos lá até obter uma resposta", planeja Valdenir.