MPE apura demora na fila do Banco do Brasil, mas queixa é generalizada
O Banco do Brasil está na mira do MPE (Ministério Civil Público) por não cumprir a lei municipal que fixa limites de espera para atendimento aos clientes. Inquérito civil foi aberto com edital publicado na edição desta quinta-feira (19) do diário oficial do órgão. Para os clientes, o problema é crônico e afeta tanto estabelecimentos públicos quanto privados.
A auxiliar de cozinha Cristina Aparecida dos Santos, 40 anos, já chegou duas horas antes do horário de abertura para tentar ser atendida mais rapidamente. “Na Caixa Econômica, geralmente demora de uma hora a duas para eu ser atendida, principalmente nas agências da 13 de Maio e Bandeirantes. Eu costumo chegar 10h e já encontro o local cheio”, relata.
Na opinião dela, os bancos deveriam abrir mais cedo ou aumentar o número de atendentes, visto que muitas vezes os clientes vão às agências aproveitando o horário de almoço. Ela mesma chegou a levar bronca do patrão por ter se atrasado graças à demora na fila. “Eu acho uma injustiça”, exclama.
O azulejista Reginaldo Frazão, 44 anos, reclama que já tentou abrir conta na agência central do Banco do Brasil, mas foi orientado a procurar estabelecimentos nos bairros, mais perto de casa, segundo ele por conta da saturação na quantidade de clientes que procuram o local. “As dos bairros estão muito mais cheias”, relata.
“O problema maior é não fazer valer a lei que já existe. Nós clientes somos os mais prejudicados”, reclama. “Não é só o Banco do Brasil. Deveria investigar todos os outros bancos, de preferência o privado, porque saímos do público, vamos para o particular e continua a mesma coisa”, diz.
Na opinião dele, muitas vezes os clientes não reclamam porque sabem que nada será feito. “O banco abre as onze, quando você chega se depara com 15 caixas, mas só tem dois funcionando. Onde estão os outros? Estão almoçando, mas espera aí, nós estávamos na fila duas horas atrás já aguardando”, relata.
Indignação e revolta pelo descaso no atendimento dos bancos foi parar na delegacia no caso do funcionário público Diego Antunes Espíndola, 27 anos. Ele registrou um boletim de ocorrência alegando ter sido agredido por um dos seguranças da agência do Bradesco localizada na rua Barão do Rio Branco.
O motivo da confusão foi demora no atendimento. A vítima, que desejava fazer um saque, disse que, orientada pelo Procon, fotografou o horário de chegada impresso na senha e, ao tentar fazer o mesmo com o painel que registra a ordem de chamada, foi repreendido pelo vigia.
Diego então começou a discutir com o segurança, pediu o nome dele e tentou fotografá-lo. O funcionário público alega que o vigia o empurrou e jogou o celular no chão. O gerente do local apareceu para amenizar a situação e o levou até a ouvidoria do local. O próprio funcionário cuidou da transação que o cliente queria fazer sem precisar esperar a vez na fila. Mesmo com a ajuda, segundo ele, foram quase duas horas de espera, uma vez que chegou às 14h20 e teve o serviço concluído às 16h10.
Lei - Pelas normas, em dias normais, as pessoas podem aguardar até 15 minutos para serem chamadas. Datas de vencimento das contas de água, luz, telefone, impostos ou pagamento do salário de servidores públicos municipais, estaduais e federais, o prazo se estende para 20 minutos. Já em vésperas ou após feriados prolongados, a espera pode chegar a 25 minutos.
O não cumprimento, conforme a lei, implica em multa de R$ 250 a R$ 450, suspensão do alvará de funcionamento se reincidente pela 11ª vez e cassação da licença caso não haja readequação dos serviços decorridos seis meses da medida anterior.
Clientes podem denunciar a demora ao Procon pelo número 151. O horário de chegada geralmente é impresso na senha e serve como prova do descumprimento da legislação. Outra opção é reunir três testemunhas que atestem o descaso aos clientes.
O Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa do Banco do Brasil que prometeu contatar algum dirigente para falar a respeito da situação, mas até a publicação desta reportagem, não houve retorno. Com relação à Caixa Econômica Federal, o assessor de imprensa não está na superintendência nesta quarta e tampouco atendeu às ligações.