Filhas denunciam situação de mães internadas na ala de Neurologia da Santa Casa
Paciente chegou a ter cirurgia remarcada seis vezes
O drama da família de Camila Crispin de Souza já dura 65 dias, contados no calendário. Ela veio de Chapadão do Sul com a mãe de 52 anos diagnosticada com aneurisma cerebral e deu entrada na Santa Casa de Campo Grande no dia 30 de janeiro.
Desde então Camila, relata que só escutou a palavra “espera” dos médicos. Houve demora até para a filha saber que a mãe havia sofrido um derrame depois de sete convulsões. Além de ter a cirurgia do aneurisma remarcada seis vezes.
A mãe de Camila já passou por uma cirurgia, que segundo a filha correu tudo bem. A outra cirurgia que deveria ser feita após a primeira chegou a ser remarcada seis vezes, a filha conta que a paciente ficava em jejum durante 24 horas e quando chegava a hora de ir para o centro cirúrgico tinha a notícia de que não iria acontecer o procedimento.
Depois de 15 dias, os 28 pontos da cirurgia feita infeccionaram e por mais que ela falasse com os médicos, nada era resolvido.
Camila ainda fala que os pontos estouraram por conta da diabetes, e que a mãe quase morreu no quarto, esperando ser socorrida mesmo estando dentro de um hospital.
“Eles faziam pouco caso de mim. E eu vendo que saía pus da cabeça dela. Foi uma correria no quarto, ela ficou no oxigênio, baixou a pressão”, conta.
Na sexta-feira passada, a mãe teve sete convulsões em menos de uma hora e o médico neurologista que atende a paciente apenas pediu uma tomografia e a medicou para evitar outras crises.
Depois disso Camila conta que a mãe só dorme, se alimenta pela sonda e não fala.
“Ela já perdeu quase 20 quilos, não faz nada, não reage, não abre os olhos. Como é que não aconteceu nada com ela?”, questiona a filha.
Segundo Camila, depois de ter falado para o médico de que ela iria procurar a justiça, ele afirmou que a mãe teve um derrame.
“Eu disse como é que o senhor só me explica hoje? Só me fala agora que a minha mãe teve um derrame?”, completa.
De acordo com Camila, a mãe teria sofrido o derrame na sexta-feira passada, após as crises de convulsão, e que o médico falou na tarde de ontem (04) o que havia acontecido.
“Eu estou lutando sozinha, sem ninguém para me ajudar e minha mãe está morrendo dentro de um hospital. É um caso de calamidade pública isso aqui”, completa.
Situação semelhante vive a agente de saúde Jucilene Silva de Oliveira, que está com a mãe de 53 anos internada na Santa Casa, depois de um aneurisma cerebral, há 68 dias.
Ela conta que o médico especialista conversou com a família apenas duas vezes. As visitas são sempre feitas por médicos residentes. Assim como a mãe de Camila, a de Jucilene também não pode ser operada.
“Os médicos alegavam que o aparelho usado estava quebrado, depois o médico não deixou fazer o procedimento. Agora já tem o aparelho, mas eles falam que ainda não está montado”, relata.
“Minha mãe também sofreu um derrame e eles falam que precisa fazer tomografia, e até agora nada”, revela.
Jucilene procurou a promotoria pública na tentativa de agilizar a situação. Ela ainda precisa arcar com o medicamento da mãe, porque o hospital não tem fornecido.
“Eu pago por mês R$ 400,00 em remédio. É um descaso muito grande, os médicos quando vêem a família, correm da gente. O problema é por parte da direção médica do hospital. Eu queria que alguém tomasse uma providência logo”, ressalta.
A filha ainda completa que a paciente iria fazer a cirurgia do aneurisma hoje, mas não fez. Os médicos deram a previsão de mais 10 dias.
“Para quem viveu 22 anos de enfermagem, como a minha mãe, hoje estar vivendo essa situação é difícil”, finaliza.