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Capital

Mulher usou faca de serra para ferir candidato 3 vezes durante briga em flat

Daisa Garcia, 29, alega que estava se defendendo e Saulo Batista, 40, diz que foi atacado

Anahi Zurutuza e Ana Beatriz Rodrigues | 26/09/2022 18:25
Momento em que Daisa Garcia, 29, chegou à Depac, com o vestido sujo de sangue. (Foto: Paulo Francis)
Momento em que Daisa Garcia, 29, chegou à Depac, com o vestido sujo de sangue. (Foto: Paulo Francis)

Daisa Garcia, de 29 anos, a mulher que esfaqueou o candidato a deputado federal pelo Republicanos, Saulo Batista, 40, na manhã desta segunda-feira (26), usou uma faca de serra e golpeou o homem três vezes. Ela recebeu voz de prisão quando chegava à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro para se apresentar. Mas, depois de prestar depoimento, acompanhada de uma advogada, foi liberada.

Conforme registrado em boletim de ocorrência, quando policiais militares chegaram ao condomínio de luxo, onde Saulo mantém dois flats, ele sangrava bastante e já recebia os primeiros socorros de equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). O homem sofreu três perfurações profundas no tórax, segundo descrito pela PM. Nesse momento, ele foi socorrido para o pronto-socorro da Santa Casa e Daisa já havia deixado o prédio.

Os PMs então apuraram com funcionários do condomínio, que o candidato e a mulher estavam discutindo desde ontem à noite e que Daisa tem livre acesso às dependências dos flats de Saulo. Testemunha informaram ainda que, nesta manhã, o casal iniciou briga em um dos apartamentos. Por isso, a mulher teve de ser retirada do local pela gerente do condomínio e outros funcionários.

Ela foi levada até a outra unidade, no mesmo prédio que, conforme apurado, também é de uso comum do casal. Mas, passado algum tempo, iniciou-se outra discussão e foi quando a gerente percebeu que Saulo havia sido esfaqueado, retirou Daisa do local e acionou o socorro.

Saulo Batista, 40, deixando delegacia após tarde de depoimentos. (Foto: Paulo Francis)
Saulo Batista, 40, deixando delegacia após tarde de depoimentos. (Foto: Paulo Francis)

A PM encontrou outra mulher no apartamento. Ela informou que estava junto com o candidato, no andar de cima do flat, quando escutou a discussão e Saulo gritando por socorro. Ela afirmou ainda que quando foi vista, foi perseguida por Daisa, mas conseguiu fugir e se abrigar em uma unidade em reforma.

Ainda conforme a sequência cronológica registrada pelos militares, no momento em que a equipe fazia o registro da ocorrência, descobriu-se que Daisa estava se deslocando até a Depac do Centro. Na porta da delegacia, ela recebeu voz de prisão.

Saulo alega que estava separado de Daisa e deu versão parecida com a da mulher com quem dormia. Disse que foi atacado e apenas se defendeu.

Já a autora das facadas afirmou que discutiu com o candidato e foi agredida por ele e pela mulher com quem ele estava. Disse que os dois a enforcaram e puxaram seus cabelos. Relatou que no calor da briga, “pegou algo sobre e mesa” e passou a ferir Saulo. Ela mostrou vermelhidões e hematomas nos braços.

Pela manhã, Daisa postou foto com a mesma roupa que usava quando chegou à delegacia. (Foto: Reprodução)
Pela manhã, Daisa postou foto com a mesma roupa que usava quando chegou à delegacia. (Foto: Reprodução)

Daisa contou ainda que já possui boletins de ocorrência e que também tem medida protetiva contra Saulo, mas continuava se relacionando com ele e nunca havia pedido a revogação da ordem judicial de afastamento.

No apartamento, a perícia apreendeu a faca e dois Iphones. O caso será investigado como lesão corporal dolosa (violência doméstica) e os dois – Saulo e Daisa – foram arrolados como vítimas e autores do crime.

Segundo o delegado, Gabriel Desterro, ficou constatado que o homem não corria risco de morrer. Por isso, a situação não configurou tentativa de homicídio.

A mulher tem conta com 20 mil seguidores no Instagram e atua como blogueira de moda, beleza e estilo de vida. O candidato a deputado federal se apresenta nas redes sociais como "marido apaixonado, pai de dois lindos garotos, empresário, candidato a deputado federal e apaixonado pelo Mato Grosso do Sul".

Embora tivesse relacionamento com Daisa, ele é casado oficialmente com outra mulher, que não vive em Campo Grande, conforme apurado pela reportagem.

Chegada da PM no prédio onde aconteceu a confusão, na Travessa Ana Vani, na região central de Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)
Chegada da PM no prédio onde aconteceu a confusão, na Travessa Ana Vani, na região central de Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

Duas versões - Na porta da delegacia, após o cliente prestar depoimento, o advogado de Saulo, Abadio Rezende, admitiu que Daisa era amante de Saulo há cerca de dois anos e disse que os dois haviam terminado relacionamento. Alega ainda que ao ver o candidato com outra mulher, Daisa teve um ataque de fúria e o homem só se defendeu. "Ela ficou furiosa, foi tomada por um ódio".

Saulo não é violento, garantiu o advogado, e nunca soube da suposta medida protetiva que a amante tinha contra ele. "Não tem nada contra ele, tudo mentira dela. Ela estava muito nervosa, chorando muito, com medo de ficar presa".

Já a advogada da mulher, Kalanit Arruda, afirma que a cliente vivia um relacionamento abusivo, de idas e vindas. "Tinham um relacionamento instável, com diversos episódios de agressões físicas e emocionais, dependência psicológica e financeira. Na noite de ontem, eles tiveram uma discussão e ele disse para ela que estaria em compromissos de campanha. Ela foi à casa dele, em virtude de achar que estava vazia, para retirar os pertences dela, porém, ele foi surpreendido com a outra mulher".

Kalanit afirma que houve troca de agressões e que Daisa usou a faca quando foi encurralada em espaço próximo à cozinha. "Desferiu golpes contra ele com o intuito de se defender".

Nesta tarde, Daisa também registrou boletim de ocorrência contra Saulo, na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Segundo a advogada, ele já havia feito denúncia contra ele por ameaça e em 2020, pediu medida protetiva, mas o casal reatou o relacionamento depois disso. "Não foi determinada prisão de nenhum dos dois, porque o delegado entendeu que eles não ofereceriam risco à investigação", concluiu.

(*) Matéria alterada para acréscimo de informações às 19h14.

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