Na Capital, igreja muda foco de ação e entra na guerra contra a dengue
A Arquidiocese de Campo Grande lançou nesta quarta-feira (10) a Campanha da Fraternidade 2016, com tema principal voltado ao saneamento básico. Por conta da epidemia de dengue que atinge a cidade, no entanto, na Capital o combate ao mosquito Aedes aegypti – que transmite também zika vírus e febre chikungunya – vai fazer parte das ações.
O arcebispo metropolitano da Capital, dom Dimas Lara Barbosa, explicou que a partir de domingo (14), quando a campanha será apresentada aos fiéis, estão programadas reuniões, treinamentos e um mutirão para eliminar possíveis criadouros do mosquito.
“Queremos o envolvimento de todos que quiserem e puderem participar. O tema da campanha deste ano é saneamento, envolve o abastecimento de água e o serviço de esgoto, que é responsabilidade do Poder Público. Mas também tem a ver com moradias mais dignas, coleta seletiva de lixo e o combate a dengue, que é uma grande preocupação por conta da nossa realidade”, disse dom Dimas na entrevista coletiva de lançamento da Campanha da Fraternidade.
Todas as ações serão realizadas durante a Quaresma, que é o período de 40 dias que começa hoje (quarta-feira de Cinzas) e termina no domingo de Ramos – anterior ao domingo de Páscoa, que este ano será no dia 27 de março. “Depois, vamos reforçar as ações no mês de setembro. Mas, acredito que todo envolvimento vai gerar reuniões, discussões, sessões solenes, audiências públicas, treinamentos e mutirões, principalmente em relação à dengue por conta da epidemia que vivemos”, afirmou o arcebispo.
A Campanha da Fraternidade é uma iniciativa da Igreja Católica, porém este ano foi elaborada pelo Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), que é formado também pelas igrejas Católica Apostólica Romana, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Episcopal Anglicana do Brasil, Presbiteriana Unida do Brasil e Sirian Ortodoxo de Antioquia.
Desde o ano 2000, a cada cinco anos, a Campanha da Fraternidade é realizada de forma ecumênica, ou seja, reúne outras igrejas cristãs além da católica. A primeira teve como tema “Dignidade humana e paz”. A segunda edição, em 2005, falou sobre “Solidariedade e paz”. Em 2010, o tema foi “Economia e Vida”.
A intenção da Igreja é levar informação e alertar os fiéis principalmente durante as missas e reuniões promovidas pelas 350 comunidades católicas de Campo Grande e outros seis municípios que fazem parte da Arquidiocese – Rochedo, Corguinho, Terenos, Sidrolândia, Bandeirantes e Jaraguari, além do distrito de Anhanduí. “Passar informações durante nossas missas e encontros tem sido uma forma eficaz de orientar a comunidade. Tem resultados positivos”, afirmou o sacerdote.
Campo Grande já tem 6.875 casos notificados de dengue desde o início do ano. O último boletim epidemiológico da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), divulgado na quinta-feira (4), também registrou 487 notificações de zika vírus e 68 de chikungunya.
Dom Dimas também falou sobre os casos de microcefalia no Brasil, que podem ter ligação com o zika vírus. “Quem define o grau e que tipo de deficiência merece a pena de morte? A igreja é contra o aborto e sempre se coloca em defesa da vida do bebê e da gestante”.
Mato Grosso do Sul tem sete casos de zika vírus confirmados pela SES (Secretaria de Estado de Saúde). Seis casos são de pacientes de Campo Grande e um de Aquidauana, a 130 quilômetros da Capital. Todos foram confirmados por exames laboratoriais, realizados no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo (SP). Além disso, no Estado investiga três casos de microcefalia com suspeita de infecção pelo vírus zika, dois em Dourados e um em Bela Vista, ainda sem confirmação laboratorial.
O Ministério da Saúde investiga 3.448 casos suspeitos de microcefalia em todo o País, 270 já tiveram confirmação, sendo 6 com relação ao vírus zika. Outros 462 casos notificados já foram descartados. Ao todo, 4.180 casos suspeitos de microcefalia foram registrados até 23 de janeiro.
A Campanha da Fraternidade será apresentada aos fiéis no domingo (14), com celebração às 9 horas no ginásio poliesportivo Dom Bosco, na Rua Júlia Maksoud, Bairro Monte Castelo. O texto base da campanha informa que o saneamento público é um direito fundamental e estimula a união de esforços entre sociedade civil e poder público no planejamento e na prestação de serviços. Na edição 2016 o tema é “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”.